Encontro contou com a presença do presidente do CNPq, do gestor do Instituto Tecnológico Vale, do senador Lindbergh Farias e da presidente da SBPC
Por Renato Carvalho/SIMI
Um dos principais assuntos que surgem durantes as conferências da reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que está sendo realizada na UFMG, são os cortes orçamentários que a Ciência e Tecnologia vêm sofrendo.
Na tarde dessa quarta-feira, 19, uma conferência debateu, especificamente, esse tema na atualidade e também o futuro da área nos próximos 20 anos. O encontro teve a presença da presidente da SBPC, Helena Nader, do presidente do CNPq, Mário Neto Borges, do gestor do Instituto Tecnológico Vale (ITV), Luiz Eugênio de Moraes Mello, e também do senador Lindbergh Farias.
O presidente do CNPq abriu a apresentação destacando três importantes tópicos que guiam os desafios do financiamento da ciência no país: os recursos, a relevância e a cultura burocrática.
Recursos
Para ele, o investimento na ciência, tecnologia e inovação ainda é baixo, comparado a outros países do mundo. Por aqui, há um investimento em torno de 1% do PIB, mesclado público e privado, enquanto na Coréia do Sul, por exemplo, há um investimento na área de 4% do PIB.
Burocracia
A cultura burocrática também foi bastante criticada por Mário Neto. “As pessoas usam o argumento de que algo sempre foi feito daquela forma e isso acaba travando o processo”. A falta de fiscalização e controle sobre os investimentos é outro problema levantado pelo pesquisador. “Ainda falta regulamentação. Precisamos de mais recursos e menos burocracia”, disse.
Relevância
O presidente do CNPq afirmou que é preciso dar mais relevância às pesquisas. “Somos bons em transformar pesquisa em conhecimento, mas somos ruins em transformar conhecimento em produtos e riquezas. É preciso ter valor para a sociedade”, disse Mário Neto.
Por fim, ele destacou que o momento para o Brasil despontar na área é agora, já que a pirâmide etária brasileira está mudando. Hoje a maior faixa da população tem entre 24 e 60 anos, faixa que produz riqueza ao país. “Se não investir agora, seremos uma população velha e pobre”.
Investimento privado
Pelo lado das empresas, Luiz Eugênio de Moraes Mello, do ITV, avaliou que mais da metade da exportação brasileira é do setor primário, ou seja, que transforma recursos naturais em produtos primários para serem usados por indústrias. Esses setores, segundo ele, possuem baixos investimentos em CT&I. “A Vale, por exemplo, percebeu que investir na área é crítico para sua sobrevivência”, disse.
Confiança
Mello enfatizou, ainda, que a confiança no Brasil é precária e que falta uma cultura de investimento e aproximação. “Não vejo outras formas de o país avançar sem uma boa relação entre o público-privado. Criar uma relação de confiança para o sistema avançar”.
Prioridades
Ao fim da conferência, a presidente da SBPC destacou que a ciência não é imediata e é necessário priorizar algumas áreas que darão retorno mais rápido à sociedade. Já Lindbergh apontou que a sociedade deve entrar em um debate de ideias e se unir para retirar a CT&I da lista de cortes orçamentários do governo.
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