Estudos realizados na Funed deram origem a um pedido de depósito de patente no INPI
Por Redação

Parece contraditório: usar o veneno de uma das aranhas mais perigosas do mundo para ajudar a controlar a dor. Mas isso é o que sugere um estudo realizado por pesquisadores da Fundação Ezequiel Dias (Funed), em parceria com colaboradores da Santa Casa de Belo Horizonte, que indicam que o veneno da Phoneutria nigriventer, conhecida popularmente como Aranha Armadeira, pode ser transformado em medicamento contra dor.
A pesquisa mostrou que a toxina PnTx3-5 do veneno da aranha é altamente eficaz em inibir funcionalmente o receptor TRPV1 em humanos. O termo TRP define uma subfamília do receptor transitório que é ativado por mudanças na temperatura ambiente, do frio intenso ao calor excessivo, tendo participação fundamental nos mecanismos de quase todas as respostas sensoriais.
A disfunção desses receptores acarreta em diversos sintomas, como dores agudas, crônicas, inflamatórias ou neuropáticas. A ideia é que os resultados dos estudos realizados na Funed possam ser utilizados futuramente no desenvolvimento de medicamentos capazes de amenizar as dores causadas pela disfunção do TRPV1. Os pesquisadores esperam que o mercado se interesse em investir na produção de novo medicamento.
As pesquisas do grupo, publicadas com o título Sequência de Nucleotídeos, Proteína Recombinante, Composições Farmacêuticas e Usos, deram origem a um pedido de depósito de patente no Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI).
Aranha armadeira
A aranha armadeira, cujo veneno foi usado para obtenção da toxina, é conhecida por ser uma aranha errante, que não constrói teia para capturar suas presas. É uma caçadora ativa e domina suas presas pelo seu veneno extremamente neurotóxico. Durante o dia, a espécie esconde-se em lugares úmidos e escuros, sendo muito ativa ao entardecer e à noite. Para a obtenção do veneno, elas são capturadas em campo e mantidas no aracnidário científico da Funed.
Fonte: Funed