Marcos Flávio, da Unimontes, coordenou pesquisa que faz inteligência computacional ter atuação parecida com a “intuição humana”
Por Pedro Matos/SIMI
A história do submarino argentino Ara San Juan ganhou as páginas dos jornais do mundo inteiro ao desaparecer pelo Atlântico Sul, com 44 tripulantes, no dia 15 de novembro, após comunicar dano elétrico no sistema em função da entrada de água. Notícias como esta se destacam e levantam intensos debates sobre a segurança de mecanismos como submarinos, aeronaves, carros, trens etc. Casos emblemáticos como a queda do Air France A330, em maio de 2009, e o acidente na plataforma da Petrobras P36, em 2001, são outros exemplos que chocaram o mundo.
Visando reduzir o número dessas falhas, pesquisadores da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), coordenados pelo professor Marcos Flávio, e com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig), estão desenvolvendo um estudo que busca novas abordagens para a detecção de falhas incipientes, ou seja, em fase inicial, antes que problemas maiores ocorram.
“Estamos desenvolvendo novos algoritmos que ajudam na detecção de falhas por meio de inteligência computacional. Se você leva o carro a um mecânico experiente, por exemplo, em alguns casos ele conseguirá perceber a falha apenas pelo barulho do motor. A ideia é criar ferramentas que atuem de maneira parecida com a intuição humana”, explica o professor Marcos Flávio, que desde 1999 tem se dedicado a estudos nesse sentido.

A pesquisa é realizada fora de contexto, de maneira genérica, para que novos métodos e algoritmos sejam desenvolvidos. Em seguida, eles podem ser inseridos em sistemas específicos. “Já estamos atuando na indústria petroquímica, por exemplo. Mas os métodos desenvolvidos aqui podem ser aplicados da aeronáutica até equipamentos de chão de fábrica. Só precisam ser ajustados de acordo com o contexto”, comenta Marcos Flávio.
Com o desenvolvimento de novas tecnologias, como carros autônomos, por exemplo, será cada vez mais necessário aumentar a confiabilidade de sistemas e mecanismos. “Quando um mecanismo é desenvolvido, espera-se que ele funcione corretamente, mas é preciso imaginar que falhas possam ocorrer. Não se trata apenas de perda material. Existem vidas em jogo. Por isso continuamos pesquisando para melhorar a detecção e a correção ou isolamento de falhas em sistemas”, conclui o professor.
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