Pesquisadora da UFMG participou do Pint Of Science em BH e debateu sobre o tema
Por Pedro Matos/SIMI
Enquanto a maior parte das pessoas trabalha durante o dia e tem a noite disponível para o sono, muitos profissionais das áreas de saúde, segurança e diversas outras, acabam trocando o dia pela noite, devido à peculiaridade de sua atividade. No entanto, até que ponto essa alteração na rotina pode afetar a qualidade de vida dos trabalhadores noturnos?
Durante a terceira edição do Pint Of Science em Belo Horizonte, a professora Fernanda Narciso, pós-doutoranda em Ciências do Esporte pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e membro pesquisadora do Centro de Estudos em Psicobiologia e Exercício (Cepe), apresentou parte de seus estudos e pesquisas em um descontraído bate-papo realizado na pizzaria Villa Floriano.
A pesquisadora explica que todos nós temos ciclos, de aproximadamente 24 horas, que ajustam nosso relógio biológico, controlando, por exemplo, a hora em que sentimos fome e sono. “Durante o dia e a noite temos ritmos diferentes de variáveis fisiológicas, como a secreção de alguns hormônios como melatonina, cortisol e hormônio do crescimento (GH), temos o ritmo do sono e vigília, por exemplo, entre outros”, comenta Fernanda.
O sono (ou a ausência dele), por sinal, é um dos principais objetos de estudo da professora, que atualmente se dedica a uma pesquisa em que voluntários são privados do sono por 36 horas seguidas. Fernanda explica que a luz é peça fundamental na sincronização dos nossos relógios biológicos. “A luz interfere na secreção hormonal e nas fases em que esses ritmos acontecem. Por exemplo: a aplicação de luz por volta das 20h vai atrasar o sono. Essas pessoas que trabalham à noite sob a influência da luz, têm grandes déficits hormonais e fisiológicos de maneira geral”.
Isso ocorre porque, devido à exposição à luz durante a noite, o organismo destes trabalhadores secreta menos melatonina, que participa do controle dos ritmos biológicos, incluindo o que regula o sono. O ritmo natural da secreção de cortisol, hormônio responsável por nos preparar para situações de estresse, também fica desregulada, prejudicando essa função.
Além disso, de acordo com a pesquisadora, foi cientificamente comprovado que dormir pouco pode acarretar problemas como o aumento de sonolência, redução do controle postural, diminuição do desempenho físico-cognitivo, aumento em erros de raciocínio, falta de atenção e vigilância, maior incidência de doenças imunológicas, obesidade e até câncer.
Mas, se assim como médicos e bombeiros, por exemplo, você trabalha em turnos noturnos, veja abaixo algumas dicas da professora Fernanda Narciso para amenizar os efeitos negativos da privação de sono.
- Atividade física em horários pré-determinados para ajudar a manter o alerta durante a noite e dormir durante o dia
- Cochilos programados. No intervalo do turno noturno em que é feita uma pausa para se alimentar, durma pelo menos meia hora. Isso também aumentará seu alerta à noite
- Diminuir ou amenizar a luz que está incidindo sobre sua retina por meio de filtros, sem comprometer a visibilidade do ambiente
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