Pesquisadores da UFMG pretendem utilizar a tecnologia em filtros para população ribeirinha
Por Pedro Matos/SIMI

Mesmo após mais de dois anos do rompimento da barragem de Fundão, da mineradora Samarco, em Mariana, os impactos do desastre ambiental ainda estão presentes no cenário mineiro, principalmente na Bacia do Rio Doce, que se tornou caminho para os 34 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração.
Por isso, diante da demanda por soluções capazes de reduzir os prejuízos ao meio ambiente e à sociedade, diversas pesquisas estão sendo desenvolvidas em laboratórios e centros acadêmicos pelo país. Uma delas é a pesquisa dos professores Rubén Sinisterra, Ricardo Orlando, Guilherme Rodrigues e Cláudia Windmöller e da doutoranda Ana Delia Pinzón, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Os pesquisadores desenvolveram nanofibras em laboratório capazes de descontaminar a água do Rio Doce, permitindo que ela seja utilizada em atividades rotineiras da população ribeirinha. “Nosso objetivo é preparar filtros com essas nanofibras e outros materiais para melhorar a recuperação da água, possibilitando que ela seja utilizada para agricultura e pecuária, por exemplo”, explica o professor Rubén Sinisterra.
Análises feitas no Rio Doce após o acidente, apontam que a presença de metais pesados ainda é um fator de extrema preocupação, principalmente em períodos de chuva. “O que a gente observa é que a quantidade de metais é sazonal. No período de seca percebe-se uma melhoria aparente da contaminação. Mas quando a chuva chega, observa-se que há altos teores de metais mesmo após dois anos do acidente”, comenta Sinisterra.
A pesquisa se encontra em fase final de testes e os professores se preparam para o desenvolvimento de um protótipo. O pesquisador ressalta, no entanto, que o tratamento com as nanofibras não seria suficiente para o consumo humano. “Para deixar a água potável, seriam necessários outros tratamentos. O grande problema atual é a alta concentração de metais no rio. Nesse momento estamos trabalhando com a ideia de um sistema automatizado, para que água entre de um lado, saia limpa do outro e que fosse auto-lavável.”
A pesquisa Nanodispositivos para Descontaminação da Água, do Ar e do Solo está disponível na Vitrine Tecnológica da Coordenadoria de Transferência e Inovação Tecnológica (CTIT) da UFMG.
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