Sandrelise Chaves, diretora de operações da startup SporTI, encontra um caminho para transformar os trabalhos de conclusão de curso em soluções reais
Por Alysson Lisboa

As faculdades têm o compromisso de contribuir para o crescimento do País por meio da capacitação de seus alunos para as demandas do mercado. Mas como tornar isso mais real? Sandrelise Chaves, diretora de operações da startup SporTI, acelerada no SEED MG em BH, encontrou a resposta. Ela que também leciona na Faculdade de Direito de Contagem (FDCON) observou que os alunos da graduação em Direito precisavam fazer o Trabalho de Conclusão do Curso de forma diferente.
Ao ingressar no SEED MG, Sandrelise conheceu a difusão. As startups aceleradas precisam propagar conhecimento para o maior número de pessoas em Minas Gerais, como retribuição ao elas recebem enquanto estão sendo aceleradas. Observando a necessidade dos empreendedores em realizar a difusão, Sandrelise teve a ideia de juntar empreendedores e alunos. Para a Faculdade, o momento certo para conhecer o ambiente das startups. Para as startups, um modo de aproximação com as faculdades e seus alunos.
As instituições de ensino precisam levar algum valor e oportunidade também para seus egressos. Sandrelise pensou, então, em um modo de fazer isso conectando alunos, professores e empreendedores. Nasceu então a “Difusão Jurídica no Ecossistema de Inovação”, obedecendo todos os parâmetros do Ministério da Educação (MEC) e gerando a participação de todos os atores.
Aconteceu da seguinte forma: As startups mostraram aos alunos quais eram suas demandas no âmbito jurídico, problemas que em alguns casos travam o crescimento das startups. De posse das demandas, era hora de envolver os alunos do décimo período de Direito, egressos e professores em busca de soluções jurídicas. “Ao invés de fazer um TCC convencional, na forma de monografia, vamos trabalhar com demandas reais e criar pareceres jurídicos e relatórios técnicos-científicos”, desafiou Sandrelise. Apesar do receio pelo novo, alunos, egressos e professores aceitaram prontamente o desafio.
Sandrelise trabalha na Faculdade há dois anos e viu que era uma ótima oportunidade para ser levada adiante. A SporTI, na qual Sandrelise é uma das fundadoras, conectou tanto o SEED MG quanto a FDCON para estruturar essa novidade. Os formandos tinham agora um desafio focado no mercado com exemplos reais e precisavam se aprofundar nos temas pesquisando para entregar valor real para as startups.
O papel transformador da educação
O propósito da educação é preparar o cidadão para enfrentar problemas reais e isso foi alcançado neste projeto. “Foi extremamente desafiador para todo mundo. Para os alunos porque não conheciam esse modelo de monografia; para os professores porque estavam habituados a um modo mais tradicional de leitura de projetos de monografia”, explicou Sandrelise.
O resultado não poderia ser outro. Os estudantes e futuros advogados puderam mergulhar em um novo universo cada vez mais presente na vida de todos nós: o mercado das startups que buscam trazer soluções para casos reais.
Participaram do SEED MG sete startups. Foram 37 alunos do 10º período envolvidos diretamente, oito professores orientadores, 10 egressos e até uma aluna que ajudou nas questões contábeis. Ao final, os alunos apresentaram um relatório técnico sobre como foi a experiência em forma de um pitch de cinco minutos.

Propósito que muda vidas
Quando a gente se vê diante dos desafios do mundo moderno, muitos de nós chegamos a pensar em desistir. Entramos, muitas vezes, em uma espécie de bloqueio que em casos extremos pode culminar no autoextermínio. Quando falamos do poder da inovação, falamos também do poder transformador da tecnologia e da necessidade da educação – urgente – de buscar métodos diferentes para dar ao aluno um novo propósito de vida e carreira.
Sandrelise contou, emocionada, que foi surpreendida com a sinalização positiva de uma aluna que atravessava um longo e doloroso período de depressão. Ela não encontrava sentido em continuar frequentando as aulas com a pressão das provas, cobranças, leituras e o ambiente competitivo da sala de aula. Sandrelise ligou para a estudante, fez o convite para que participasse desse novo modelo de monografia e a aluna topou. A estudante conseguiu forças para voltar à faculdade, ajudou os grupos, integrou-se às startups, e o melhor: participou do processo seletivo para uma vaga de emprego em uma das startups e foi contratada. Agora ela já está dando a volta por cima. Para quem não acredita no poder transformador da educação, saibam que isso é real.
Mudança do status quo
Desde o século 16, os trilhos dos trens são bem parecidos. O que modernizou foram as locomotivas e seus vagões. Um dia, Elon Musk observou o trilho dos trens e se questionou por que tinham aquele formato. Nascia então a ideia de construir o Hyperloop, transporte à velocidade do som dentro de tubos a vácuo.
Sandrelise pensou o mesmo quando olhou para os projetos de conclusão de curso. Por que eles são sempre assim? O aluno sente que seu trabalho não tem valor e pouca conexão com o mercado. Esse questionamento se transformou, então, em propósito. Parabéns à SporTI, que no esporte tem o propósito de transformar a gestão esportiva e criar mais oportunidades para atletas, gestores e patrocinadores e em especial à empreendedora Sandrelise por buscarem um novo modo de fazer as coisas saindo do zona de conforto e mudando, assim, o status quo.
Fonte: