Processo promete degradar substância que compõe a embalagem em até sete dias
Por Redação

O Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes) está desenvolvendo um processo para acelerar a degradação do polímero que compõe as garrafas PET em até sete dias. A tecnologia utiliza enzimas que possibilitam recuperar os componentes das garrafas, sob pressão e temperatura brandas.
Os estudos iniciados há quatro anos já permitem “vislumbrar a viabilidade técnica de uma utilização desse processo em larga escala”, de acordo com a empresa.
A produção mundial de garrafas PET é uma das maiores vilãs para o meio ambiente, principalmente para o ecossistema marinho. Estima-se que sejam produzidas 50 milhões de toneladas por ano. Atualmente, o percentual de reciclagem é de apenas 18%, em comparação com os quase 99% de reciclagem das latas de alumínio.
No Brasil, segundo dados do último censo realizado pela Associação Brasileira da Indústria do PET (Abipet), o descarte de embalagens é de 550 mil toneladas por ano e a taxa de reciclagem da ordem de 51%.
Biodespolimerização é alternativa usada pela petrolífera
No processo em estudo, as embalagens são coletadas após o uso por consumidores e levadas a um reator para reprocessamento do material. Juliana Vaz Belivaqua, gerente de biotecnologia da Petrobras, explica que o método consiste na adição da enzima às embalagens moídas, em condições de reação adequadas para a atuação da enzima. “O processo ocorre até o polímero se tornar novamente em suas unidades mínimas, que servem para a formação de novo PET em processo de reutilização na indústria petroquímica”, ressalta.
A gerente explica que por meio da biodespolimerização, ou seja, da desconstrução química de uma molécula com muitas unidades funcionais ligadas, é possível obter novamente essas unidades, transformando completamente a cadeia da embalagem pós-consumo, “pois o que seria resíduo volta a ser matéria-prima. Dessa forma, se evita o problema do acúmulo desse material em lixões ou no meio ambiente e se reduz a demanda por novas matérias-primas que são oriundas da petroquímica, reduzindo nossa pegada de carbono,” acrescenta Juliana.
Ainda de acordo com ela, a reciclagem de plásticos atualmente utilizada é baseada em processos físicos e, por este método, os materiais não recuperam as propriedades do polímero original, gerando um produto de baixo valor. Já com a reciclagem biotecnológica com a tecnologia em desenvolvimento será permitido que a PET reciclada tenha exatamente as mesmas características do original.
Atualmente, o projeto encontra-se em fase de otimização em laboratório e dentro de três anos deve ser testado em escala piloto.
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