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Artigo: Tecnologia Assistiva – o que trouxe a Paralimpíada

“Tecnologia Assistiva é primordial para promover uma vida digna em acesso à formação profissional, assim como ao mercado de trabalho”


Por Kátia Ferraz Ferreira

Dentre tantos momentos marcantes que vivemos no país nos últimos tempos, os jogos paralímpicos no Brasil traçaram a sua importância no crescimento de um povo, com a mudança de concepções até então equivocadas. A denominação desta modalidade esportiva chamada “esporte paralímpico”, que significa um evento esportivo concomitante aos jogos olímpicos, destinados aos atletas com deficiência. A nomenclatura anterior de “paraolimpica” foi extinta, por determinação do Comitê Paralímpico Brasileiro para alinhar o vocabulário junto aos demais comitês internacionais nesta modalidade de esporte, nos países onde ele existe.

A ocorrência deste evento internacional mobilizou o povo brasileiro no despertar de inúmeras discussões, especialmente questionando sobre a invisibilidade das pessoas com deficiência na sociedade brasileira. A falta de acesso aos espaços comuns da cidade, construída em uma estrutura ultrapassada, não contemplava o trânsito deste público, assim como da população que progressivamente necessita de produtos acessíveis, também inseridos na taxa de envelhecimento da população em 43,84% registrado em 2016, como potenciais usuários de Tecnologia Assistiva.

A disponibilidade destes recursos são escassos nos programas de Governo, e torna-se ainda maior a necessidade de construir um trabalho intersetorial. Para isso, entender a política de reabilitação é essencial quando se tem ao nosso dispor os Centros Especializados de Referência – CER, gerenciados pela Secretaria da Saúde, em diversos municípios do Estado de Minas Gerais. Sua atuação está em promover o adequado uso dos recursos e equipamentos, para o exercício diário da autonomia dos usuários destes serviços, através de metodologias e uso adequados Tecnologia Assistiva ao seu dispor. Isso significa que os processos de reabilitação estão em identificar todas as possibilidades de promoção desenvolvimento com qualidade de vida através dos recursos disponíveis, incluindo também as pesquisas neste campo, que oferecem alternativas acessíveis para aqueles que dela necessite.

Os números nacionais de pessoas com deficiência somam 45 milhões de habitantes (23,9% da população brasileira, e Minas Gerais em 2016 conta com uma população total em 20.997.560 com o percentual de 22,62% de pessoas com deficiência, portanto 4.749.648 pessoas com deficiência residentes no estado mineiro. É uma força de trabalho em muito alijada dos cenários do mercado e formação profissional, que perpassa pela inclusão no sistema de ensino básico até a academia. Nestas reflexões a importância da Tecnologia Assistiva é primordial para promover uma vida digna em acesso à formação profissional, assim como ao mercado de trabalho.

Conforme os órgãos oficiais que trazem da população beneficiária das políticas públicas, apenas 20% das pessoas com deficiência possuem uma atividade profissional regulamentada, contando com um gargalo de pessoas na economia informal, ou sem nenhum meio de subsistência, somados nos 80% restantes. Muitos destes números podem ser modificados com a iniciativa governamental e interdisciplinar, potencializando o atendimento alinhando às pesquisas desenvolvidas nas universidades, que vem construindo uma base sólida de conhecimento em Tecnologia Assistiva nos espaços acadêmicos.

Hoje das causas originárias sobre o público direto atendido no sistema de Saúde, destacamos as lesões originadas por acidentes automobilísticos, da ausência de cinto de segurança, condução por motorista menor ou inabilitado, álcool e drogas entre outras imprudências registradas (68% atendidos APENAS na rede Sarah vindos de todo Estado, e não com relação ao número total mencionado), e as agressões por arma de fogo, (34% também APENAS aqueles atendidos na rede). As causas que resultam em incidência de deficiências, tem como conseqüência as lesões medulares que incluem as amputações completas dos membros. Todos eles ocorrem na faixa de 15 à 29 anos, de forma que estes jovens estão em franca expansão e conquistas, quando estas rupturas acontecem em suas família, alterando a dinâmica social e a autonomia do indivíduo.

Nestes eventos pontuais, é necessário contemplar o retorno às atividades produtivas, visto que há comprometimento real no desenvolvimento do país em geração de renda, quando falamos de circulação da economia nos diversos níveis de governo. É preciso que se e abram as portas para que estas pessoas ofereçam sua força de trabalho no desenvolvimento das cidades, ao utilizar dos serviços de reabilitação e do uso de Tecnologia Assistiva, resgatando o cenário de pertencimento com direitos respeitados e responsabilidades assumidas como cidadão.

Kátia Ferraz Ferreira é Coordenadora da Rede Mineira de Tecnologia Assistiva, vinculada à Subsecretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de Minas Gerais.

Fonte:

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