Agropecuária mais intensiva e sustentável possibilita crescer em uma área maior que o estado de Minas Gerais sem afetar a Amazônia
Por Redação
Um conjunto de quase quinhentos mapas em altíssima resolução irá permitir ao Brasil enxergar como está utilizando suas terras destinadas à agricultura e à pecuária. Será também um olhar ao longo da história agrícola dos últimos 70 anos. Os mapas estão disponíveis para quem quiser consultá-los e fazem parte de tese de doutorado em preparação no Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Viçosa.
O trabalho é pioneiro no Brasil. A pesquisadora e doutoranda da universidade Lívia Dias, orientada pelo professor Marcos Heil da Costa, combinou dados dos censos agropecuários realizados pelo IBGE com imagens de satélite. Usando ferramentas matemáticas, os pesquisadores combinaram os dados para distribuir as principais culturas agrícolas do Brasil em áreas já desmatadas. Os mapas têm tamanha precisão que é possível visualizar o uso agrícola do solo no território brasileiro a cada quilômetro quadrado. O trabalho, segundo os pesquisadores, é consistente com todos os dados agrícolas disponíveis e estima de que modo os solos brasileiros têm sido utilizados pela agricultura e pecuária ao longo do tempo.
A pesquisa avaliou o padrão do uso do solo e das mudanças de produtividade para quatro dos principais usos agrícolas no Brasil: soja, milho, cana-de-açúcar e pastagens. Por isso, o resultado dá subsídios importantes tanto para evitar a ocupação agrícola da Amazônia quanto para planejar o uso do solo no Brasil para que o país continue sendo um grande produtor no agronegócio.
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O professor Marcos Heil afirma que os resultados avaliados ao longo do tempo permitem analisar tendências que não serão revertidas facilmente. “O Brasil está mudando o modelo agrícola de extensivo para intensivo rapidamente e essa é uma mudança de direção que parece ser definitiva. Essa tendência começa a ser percebida a partir de 1985. A área total utilizada pela agropecuária está sendo reduzida, mas a produção está aumentando”.
Os pesquisadores concluem que das quatro culturas analisadas, a soja e a cana-de-açúcar já atingiram a produtividade máxima possível com as tecnologias disponíveis atualmente. “A cultura do milho já alcançou dois terços do que é possível atingir em produtividade, mas a pecuária ainda está na metade do caminho. Há um enorme espaço para crescer sem que haja expansão de área”, diz o professor Heil. Para chegar às conclusões sobre déficit de produtividade, os pesquisadores compararam as médias atuais com os resultados obtidos pelos 5% dos produtores mais produtivos.
Os dados da pesquisa mostram ainda que o Brasil tem uma área do tamanho do estado de Minas Gerais que pode ser usada para a expansão da agricultura desde que haja recuperação do solo. “A recuperação ou substituição das pastagens depende de tecnologia e investimentos. Mesmo as áreas produtivas podem melhorar muito a produção. Com tecnologia adequada, a área disponível para produção agrícola no Brasil poderia ser maior que o equivalente a toda a região sudeste e não haveria necessidade de expansão para regiões ainda com vegetação nativa”, diz Lívia.
Os mapas podem ser visualizados e baixados em biosfera.dea.ufv.br
*Com informações de UFV
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