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Conheça a brasileira trans que desenvolve satélite para a Nasa

“No Brasil não me respeitam, nos EUA faço satélite”, relata a astrofísica Vivian Miranda


Por Redação

Crédito: Acervo pessoal

Nascida no Rio de Janeiro, Vivian Miranda é a única brasileira a integrar um projeto com a Nasa que desenvolve um satélite avaliado em US$ 3,5 bilhões (R$ 13 bilhões). Mas, as conquistas dela vão além. Vivian é também a primeira transexual a fazer pós-doutorado em astrofísica na Universidade do Arizona, onde atualmente trabalha com pesquisa.

O projeto, denominado WFirst, tem previsão de lançamento para 2025 e deve ficar cinco anos no espaço, em um ponto localizado atrás da Lua, capturando imagens. “Eu faço estudos que simulam como o satélite pode ter mais potencial de descobertas. Integro um grupo de pesquisa liderado pelo físico Adam Riess, ganhador do Nobel de 2011.

Vivian tem muito orgulho do nome e onde chegou. “Hoje me chamo Vivian, sou pesquisadora do departamento de astrofísica da Universidade do Arizona, e única brasileira em um projeto com a Nasa para construção de um satélite”, ressalta.

Transição

A transição começou ocorrer de forma gradativa, em 2016: um dia um batom, outro dia um par de brincos. Até mudar a mudança do nome. Na época, a pesquisadora fazia o pós-doutorado na Universidade da Pensilvânia. É isso mesmo. Ela fez dois pós-docs. Um ano depois, resolveu conversar com o chefe do departamento de física, onde fazia pesquisa, sobre sua identidade de gênero.

“Falei que queria mudar meu nome e usar o banheiro feminino. Ele disse que não tinha problema algum e que iria providenciar a sinalização adequada e discretamente conversar com meus colegas de trabalho”, conta Vivian.

Para a astrofísica, a visão das universidades americanas é muito distinta das instituições brasileira quando o assunto é identidade de gênero. “No Brasil, há o discurso de que a academia brasileira é ideologizada, de que lidar com transexualidade e abrir caminho para pesquisadores e professoras trans é uma patologia brasileira. A maneira como fui tratada nos Estados Unidos mostra que respeitar pessoas trans é só uma questão de ser civilizado”.

“Colegas no Brasil me deixaram desconfortável”

Enquanto vivia no Brasil, Vivian enfrentou preconceitos e dificuldades que não são enfrentadas em terras norte-americanas, desde a sua transição. “Os pesquisadores com os quais trabalhava ficaram muito surpresos e externaram esse sentimento de um modo que me deixou desconfortável. Hoje em dia todos me apoiam abertamente, mas é importante enfatizar a diferença do tratamento inicial com relação ao que ocorreu nos Estados Unidos.

A pesquisadora relata, ainda que, muitos colegas brasileiros opinaram sobre a velocidade e a intensidade da transição. “Alguns chamaram meu processo de radical, algo que ninguém nos EUA ousou falar. E disseram explicitamente que isso poderia prejudicar minhas chances de passar em concurso porque “machismo existe”. Jamais alguém nos Estados Unidos me desencorajou usando este tipo de argumento.

Outro momento de constrangimento vivenciado pela pesquisadora aconteceu enquanto fazia concursos para as universidades brasileiras. “Meu nome social não foi respeitado nos documentos. Em um deles, a banca até tentou me chamar de Vivian na hora da entrevista, louvável, mas tudo foi tratado com amadorismo e uma falta de leveza desconcertante”, comenta.

Já em fevereiro deste ano, Vivian participou de de um concurso para a Universidade de Duke, nos Estados Unidos, e o tratamento foi o oposto. “No Brasil não me respeitam, nos EUA faço satélite”, finaliza.

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Fonte: Universo UOL

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