O mais novo Patrimônio Cultural da Humanidade da Unesco adota técnicas utilizadas na despoluição de lagos da China e de Londres
Por Franco Serrano/SIMI
A lagoa que banha o conjunto moderno da Pampulha, em Belo Horizonte (MG), que foi reconhecido recentemente pela Unesco como Patrimônio Cultural da Humanidade, está passando por um processo de recuperação da qualidade da água. O cartão postal da cidade sofre há alguns anos com a poluição, floração de algas e mortalidade de peixes – decorrente do excesso de lixo e dejetos lançados na lagoa.
Com um investimento de cerca de 30 milhões de reais, o Programa Pampulha Viva, que é financiado pelo município junto ao Banco do Brasil e ao BDMG, e que conta, também, com recursos da Copasa, vêm atingindo e superando as metas com êxito justamente pelas tecnologias empregadas.
Tecnologia
A técnica utilizada na lagoa é semelhante às utilizadas em lagos nos Jogos Olímpicos da China 2008 e de Londres em 2012. Na primeira etapa dos trabalhos foram feitas coletas e análises da água e dos sedimentos em diversos níveis de profundidade. A partir dessas análises, é elaborado um relatório que apresentará um diagnóstico inicial.
No tratamento da água foi utilizado um produto chamado Phoslock – que age diretamente na inativação do principal nutriente limitante da lagoa, o fósforo, sendo possível diminuir índice de cianobactérias na água, algas, clorofila-A e alguns metais pesados.
Para complementar o tratamento, outro produto chamado Enzilimp é utilizado com o objetivo de atuar diretamente na redução dos coliformes e no DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio).
É desta forma que é viabilizada a recuperação da qualidade das águas da Lagoa da Pampulha, com a inibição do processo de eutrofização e o reequilíbrio do ambiente aquático, que estará livre da proliferação de algas e com maior concentração de oxigênio. Serão perceptíveis a melhoria no visual do espelho d´água e ausência de maus odores como consequência da redução da carga poluidora.
A aplicação do Phoslock será a terceira experiência com o produto no Brasil. Antes, ele foi usado no Lago do Ceclimar e no Lago Dourado, ambos no Rio Grande do Sul. Nas duas experiências anteriores, houve uma redução drástica do índice de fósforo na água já nos primeiros dias após a aplicação. Já o biorremediador, Enzilimp, foi aplicado recentemente na descontaminação da Marina da Glória (RJ) para a preparação do evento teste de vela, visando as Olimpíadas Rio-2016.
O programa
Segundo informações da Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura de BH, o Programa Pampulha Viva integra o Programa de Recuperação e Desenvolvimento Ambiental da Bacia da Pampulha (Propam), que tem por objetivo promover o desenvolvimento ambiental, urbano e econômico da Bacia Hidrográfica da Pampulha.
Na primeira etapa do programa, foram retirados 850 mil metros cúbicos de sedimentos da lagoa. O trabalho de desassoreamento, realizado ao longo de um ano, foi concluído em outubro de 2014. Para assegurar a manutenção do desassoreamento, será lançado um edital de licitação para a retirada de 115 mil metros cúbicos de sedimentos por ano, a partir do segundo semestre de 2016, por um período de quatro anos.
Também no âmbito do programa, a Copasa vem executando obras de implantação e complementação da infraestrutura de esgotamento sanitário na bacia hidrográfica, em parceria com os municípios de Belo Horizonte e Contagem. Esse trabalho inclui a identificação e a efetivação de potenciais ligações domiciliares ao sistema, além da eliminação de ligações clandestinas de esgoto à drenagem.
*Com informações da Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura/PBH
Foto:WikiCommons
Fonte: