Com crescimento superior a 25%, estima-se que a capital se torne, em breve, um polo do setor
Por Redação
Em 2009, Belo Horizonte tinha apenas uma empresa que atuava no mercado de jogos digitais. Oito anos depois, esse número passou para 44. E ainda acredita-se que esse dado já esteja desatualizado. “O mercado está crescendo bastante”, afirma o vice-presidente da associação mineira de jogos (Gaming), Tiago Zaidan. Criada há pouco mais de dois meses com o objetivo de unificar o mercado, a entidade vem fomentando o crescimento da indústria e o desenvolvimento do ecossistema regional.
De acordo com João Victor Boechat Gomide, coordenador do curso de Jogos Digitais da Universidade Fumec, além do grande crescimento, “é perceptível a melhora na profissionalização. O mercado já entendeu que é muito importante manter o diálogo com o pessoal da produção de Belo Horizonte”.
Somente no ano passado, o setor faturou US$ 1,6 bilhão no Brasil, um aumento de 25% em relação a 2014, segundo levantamento feito pela NewZoo, uma das principais condutoras de pesquisas sobre a indústria de games no mundo. Em oito anos, o número de empresas desenvolvedoras de games no país aumentou em quase 600%.
Este crescimento também é confirmado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com o instituto, o volume dos serviços de tecnologia da informação cresceu 4,2% em novembro de 2016, em relação ao mesmo mês de 2015. Segundo a Coordenação de Serviços e Comércios da entidade, esse crescimento se deve ao setor de jogos digitais.
Esse crescimento vai na contramão da crise. “Em período de crise, os jogos eletrônicos continuam em alta porque muitos são gratuitos, acessíveis. E quando há assinatura, o preço é muito barato”, explica o professor da Faculdade de Tecnologia em Jogos Digitais da PUC Minas, Daniel Pinheiro.
BH se consolida como polo tecnológico de startups e caminha para o de jogos digitais
Já consolidada como um polo de tecnologia no país, com mais de 200 startups e atraindo empresas como a Google, Belo Horizonte ainda está atrás de outros estados como São Paulo e Porto Alegre no mercado de games. Mas a cidade tem vocação para se tornar referência no setor, de acordo com Tiago. “A partir de 2015 teve o ‘boom’ de jogos digitais. Agora com a Gaming, a expectativa é muito positiva.”
O paranaense Natan Rebelo, de 26 anos, que chegou a cursar economia na Universidade Federal Fluminense (UFF), se mudou para Belo Horizonte com o objetivo de criar uma empresa ligada aos games.
“A cidade tem muitos incentivos para empreendimentos de tecnologia. É um centro importante do país”, disse. Rebelo é o CEO da Gamelyst, idealizada em 2014. “É uma espécie de ‘Netflix’ de games”, contou o empresário, fazendo referência à plataforma de filmes e séries da internet.
O lançamento da Gamelyst está previsto para março deste ano. “A gente já tem uma lista de espera com mais de 3,5 mil pessoas interessadas em jogar pela plataforma. São 120 jogos parceiros”, contou Rebelo. A expectativa de faturamento anual é de R$ 200 mil.
Outra empresa que aproveitou o “boom” dos jogos digitais em Belo Horizonte é a Plug & Boom. Criada em 2014, ela desenvolve games para dispositivos móveis, como o celular e o tablet, e se prepara para lançar um de seus games ainda este semestre, no mercado estrangeiro.
Para o CEO Gabriel Coutinho, Belo Horizonte tem força para se tornar um expoente do setor. “A cidade é muito forte nas startups. E o setor de jogos começa a se beneficiar disso. Tem muito o que crescer e potencial pra isso.”
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Fonte: G1