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Entrevista: o big data do amor

Nanaya, aplicativo desenvolvido pelo pesquisador norte-americano Amini Rashied, cruza dados para ajudar você a encontrar o par ideal


Por Alysson Lisboa/SIMI

 Para o pesquisador norte-americano Amini Rashied, a análise de dados pode ajudar na qualidade de vida das pessoas

Esqueçam os aplicativos de relacionamento que classificam as pessoas apenas por gênero, idade ou localização. Extensos formulários de classificação, equações matemáticas e algoritmos trabalham juntos para responder às seguintes perguntas: É possível prever o amor e saber realmente se o seu enlace terá futuro? A aposta é do professor Amini Rashied do Departamento de Física da Universidade de Washigton (EIA). O pesquisador que desenvolveu o aplicativo Nanaya concedeu entrevista exclusiva ao Simi que você confere abaixo.

SIMI: Primeiramente, como surgiu a vontade de desenvolver o aplicativo?
Amini: A ideia começou como sugestão da minha namorada na época. Ela queria fazer uma análise de “custo-benefício” do nosso relacionamento. Estávamos juntos há dois anos ela me considerava um namorado perfeito, mas queria romper comigo por razões emocionais que não entendia muito bem. Dei risadas e falei que isso era bobagem, já que eu percebia o amor como algo muito mais emocional do que lógico. Com certeza, o que ela queria dizer era o mesmo que se passa com muitas pessoas. Imaginar uma lista de motivos (prós e contras) quando se tem que optar por esta ou aquela decisão, continuar junto ou terminar uma relação. Então pensei como a computação poderia ajudar.

SIMI: Os dados podem dizer sobre os nossos reais sentimentos? Como foram as suas descobertas sobre isso?
Amini: A solução analítica adequada para comprovar se um casal vai se separar ou não, deixa de lado a realidade da dinâmica social e também não acomoda os reais valores humanos de compatibilidade entre os indivíduos, além de nossa baixa capacidade de julgamento. A gente passa alguns meses namorando uma pessoa só para, no fim, descobrir que ela não é o que pensávamos que era no início da relação, ou para perceber que somos mais felizes sozinhos. Pensando mais um pouco sobre o assunto me veio à mente uma estrutura algorítmica flexível e um protótipo com base em planilha, então em comecei a ficar animado. A entrada de dados subjetivos estava produzindo resultados bastante sensíveis e testei, então, o relacionamento entre mim e minha antiga namorada e os resultados também foram interessantes. Comecei a experimentar com alguns amigos, tentando ver se o algoritmo ainda estava respondendo razoavelmente. Ampliei o número de participantes e, após alguns meses, percebi que algo que antes não tinha passado de uma simples brincadeira, na verdade, parecia oferecer respostas consistentemente razoáveis. Assim, a ideia foi evoluindo.

Nanaya, aplicativo desenvolvido pelo pesquisador norte-americano Amini Rashied cruza dados para ajudar você a encontrar o par ideal

SIMI: como você usa “big data” para fazer previsões ou conclusões sobre a qualidade da relação?
Amini: Fiz muitas mudanças e várias das fórmulas matemáticas foram substituídas por prospecção de dados. Nessa transição, precisei construir um conjunto de dados muito maior e “aprender” a implementar o algoritmo. Fui usando o aprendizado de máquina para isso. Neste exato momento, o algoritmo completo é escrito, mas precisamos lançar um produto preliminar para começar a construir um conjunto de dados que possa realmente ser melhorado.

“Em uma função do aplicativo foram gerados 5 mil namorados/namoradas para um único usuário
e usamos uma média para ver como o relacionamento se desenvolvia”

SIMI: O Nanaya pode me dizer onde esta a minha “alma gêmea”?
Amini: A parte do algoritmo que está implementada neste momento no site utiliza big data para determinar as chances de encontrar um companheiro dentro dos grupos demográficos relevantes, como cidade, trabalho, espaços públicos etc. Ao interagir nessas comunidades, quais são as chances de você vir a compartilhar um simples “olá” ou um bate-papo por telefone durante um encontro online e se interessar pela pessoa? Esse é o objetivo. As outras partes do relatório usam os dados pontuando os pares ideais com os resultados agregados da população. Em uma função do aplicativo foram gerados 5 mil namorados/namoradas para um único usuário e usamos uma média para ver como o relacionamento se desenvolvia. Quem eles poderiam encontrar nessas populações e quais as chances de realmente interagirem?

SIMI: Sua análise segue também as linhas de pesquisas baseadas em predição como o Google e o Facebook vêm desenvolvendo?
Amini:
Estou muito cansado das abordagens de Google e Facebook em seus estudos. O grande volume de dados permite você cair na armadilha do conjunto de parâmetros que não se correlacionam aos componentes principais. Com a redução de volume de dados você pode, provavelmente, encontrar algum conjunto de parâmetros para validar a sua hipótese. Pelo que tenho lido, voltado principalmente para os resultados do grupo de pesquisa do Facebook (Dados Science), eles são profundamente falhos devido à sua incapacidade para acomodar os sistemas humanos. A pesquisa do Facebook que aponta o Colorado Springs como uma área de alta taxa de formação de relacionamentos. Porém a pesquisa não mostra que naquela região está localizada também a academia da força aérea. Eu diria que a presença militar é o que impulsiona essa taxa – um parâmetro que não aparece na pesquisa do Facebook.

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SIMI: Então o big data sozinho não é suficiente?
Amini:
O Nanaya é uma fusão de análise de dados e sistemas.O aplicativo que desenvolvi irá evoluir por meio da aprendizagem de máquina e, ao mesmo tempo, melhorar a precisão a cada novo usuário inserido no banco de dados.Estou muito animado para ver isto acontecer!

SIMI: Você acha que no futuro próximo Big Data vai influenciar nossas escolhas como a cor de uma camisa ou até o sabor de sorvete?
Amini:
Acho que isso já acontece! Os dados influenciam a forma de como vemos as coisas na internet, por exemplo, através do Google PageRank; o que é relevante para os clientes da Netflix e como apreendemos sobre o mundo através do feed de notícias do Facebook. Em um nível consciente e inconsciente, os dados, através de algoritmos apresentados, afeta nossas decisões e como nos sentimos.

SIMI: Como será o impacto do big data sobre as nossas vidas nos próximos anos?
Amini:
Vai ser interessante ver isso. Eu acho que há muita especulação em direção ao crescimento do mercado de carros inteligentes, por exemplo. Acho que é fácil construir um novo sistema – mas integrar o novo e o antigo é o verdadeiro desafio. Por outro lado, acho que o uso do big data vai tornar as empresas mais eficientes e sustentáveis, além de tornar as pessoas mais felizes.

SIMI: Qual o seu objetivo futuro com o software?
Amini:
Quero que o Nanaya vá para uma direção diferente das pesquisas do Google e Facebook. Eu quero que o aplicativo ajude as pessoas a decidir sobre relacionamentos e outras questões da vida. Queremos apresentar, de forma transparente, as informações aos usuários para dizer a eles que a tomada de decisão é pessoal e não decidida por um algoritmo. Meu interesse sempre será o de capacitar os indivíduos para que vivam mais felizes e, com os dados em mãos, possam tomar as decisões nesse sentido.

Saiba mais sobre o aplicativo: nanaya.co

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