O Shell Eco-marathon incentiva o desenvolvimento de energias sustentáveis para preservação do meio ambiente e melhoria da mobilidade urbana
Por Redação

E se eu te disser que um carro pode fazer até 443,7km/l com etanol? Provavelmente, você pensaria que estou falando de carros de filmes futuristas. Pode até parecer coisa de filme mesmo, mas esta realidade está próxima e foi apresentada durante a terceira edição da Shell Eco-marathon, no Rio de Janeiro. A competição de eficiência energética reuniu estudantes de engenharia do Brasil, Argentina, México e Equador. Entre as instituições participantes, as universidades mineiras foram as de maior destaque.
O evento trouxe resultados animadores para a preservação do meio ambiente e melhoria da mobilidade urbana. Os participantes, pouco mais de 450 estudantes, tiveram o desafio de projetar, desenvolver e pilotar seus veículos, com objetivo de gastar menos energia, sendo, ao mesmo tempo, econômicos e ecológicos. Sim, ainda estamos falando de protótipos, alguns até com design ‘futurista’, mas as ideias podem ser adaptadas para a realidade em um futuro não tão distante.
Enquanto este momento não chega, os testes realizados são surpreendentes. Na categoria bateria elétrica, a equipe Milhagem UFMG Elétrico, da Universidade Federal de Minas Gerais, conquistou o pódio ao atingir a marca de 266,5 km/kWh. Já na categoria combustível, em específico o etanol, a Pato a Jato, da Universidade Tecnológica do Paraná, registrou média de 443,7km/l. Na gasolina, o Drop Team, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS), alcançou 424,9 km/l.
Os três campeões carimbaram o passaporte para a edição das Américas, que será realizado nos EUA, em 2019. Como prêmio, cada equipe recebeu R$ 20 mil [ara ajudar a cobrir os custos da viagem. Será a segunda experiência internacional da equipe mineira que, na primeira, ficou em 6º (melhor latino-americano). A equipe ficou atrás apenas dos times dos Estados Unidos, que têm infraestrutura e investimentos muito maiores.
Para Mariana Ribeiro, estudante de engenharia de automação da UFMG, é importante fazer os jovens pensarem em novas tecnologias. “Acredito muito no que estamos fazendo. O carro elétrico é o futuro. E um futuro que não demora tanto, talvez daqui a 20 a 30 anos.” Quem compartilha da mesma linha de pensamento é o estudante Vítor Parra, aluno de engenharia mecânica da Universidade Federal de Lavras (Ufla). “Essa realidade já está próxima. Já temos carros híbridos, com energia elétrica. O futuro é investir também nas demais energias renováveis, como a solar ou a eólica, ainda pouco exploradas. Além de tudo, é bom poder sair um pouco do ambiente de sala de aula e atuar direto com o que vamos trabalhar. É aplicar a parte teórica colocando a mão na massa”, afirma.
Mulherada em posição de destaque
Se há alguns anos a engenharia era praticamente dominada por homens, a Shell Eco-marathon mostrou que esta realidade é bem diferente nos dias atuais. As mulheres marcam cada vez mais presença na competição e vem ocupando papéis de destaque.
“A presença das mulheres até muda um pouco a percepção da equipe. Às vezes os rapazes pensam de uma forma e a gente vem com outra interpretação. Isso acaba sendo positivo, agrega muito para a equipe”, diz Mariana Ribeiro, que, além de trabalhar no projeto, exerceu o papel de piloto na equipe da UFMG. A jovem conta que quando entrou na faculdade em 2015. Em uma turma de 50 alunos, apenas oito eram mulheres. “Hoje, nas novas turmas, vejo que já são umas 12 ou 13. Cresceu um pouco o espaço feminino. Na graduação, 90% ainda são homens. Mas nos cursos de mestrado e doutorado isso já está mudando”, acrescenta.
Esta mudança também é refletida na Ecofet, equipe do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG). Dos 35 integrantes, 10 eram mulheres, sendo que duas delas também exerciam a função de pilotos. Dos sete setores da equipe, quatro eram chefiados por mulheres.
Andryelle Amorim, de 23 anos, estudante de engenharia elétrica da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), é mais um exemplo. Com experiência de quem participou das três edições do evento, ela comemora o crescimento da presença feminina. “É uma emoção única passar por isso. É um incentivo ainda maior para estudarmos. Só temos a crescer”, acredita.
De acordo com a norte-americana Shanna Simmons, diretora técnica global da Shell Eco-marathon, entre todos os locais em que a competição é disputada, o Brasil é o país com mais mulheres fazendo parte da equipe. ”Eu, que também sou formada em engenharia, é muito empolgante vê-las participando. As mulheres têm que agarrar as oportunidades. É um orgulho muito grande fazer parte disso.”
Cooperação entre equipes
Para o britânico Norman Koch, diretor da equipe internacional da Shell Eco-marathon, a solidariedade entre os participantes, mesmo se tratando de uma competição, é um dos destaques na edição brasileira. “Precisamos de inovação com colaboração. Aqui, vemos as equipes ajudando umas as outras. E as pessoas, quando percebem isso, podem se inspirar a ajudar as outras também”, acrescenta.
Sobre uma quarta edição no país, Koch preferiu não abrir o jogo. “Ainda não temos certeza, ainda não há confirmação do calendário, mas eu adoraria voltar. Foi fantástico estar aqui no Rio”, concluiu.
Fonte: Estado de Minas