Diante do crescente apetite mundial por carne, um nugget de frango pode ser a solução
Por Redação

Existe uma crise iminente diante do crescente apetite por carne no mundo. Talvez a solução seja um frango que cisca em uma fazenda em São Francisco, nos Estados Unidos. Na empresa de alimentos, Just, existem nuggets de frango fabricados a partir das células de uma pena de galinha. Foi o que a BBC foi conferir de perto.
O frango – que tinha gosto de frango – ainda estava vivo, supostamente ciscando em uma fazenda não muito longe do laboratório. No entanto, a empresa avisa que essa carne não deve ser confundida com os hambúrgueres vegetarianos à base de verduras e legumes e outros produtos que substituem a carne e que estão ganhando popularidade nos supermercados.
De acordo com a Just, trata-se de carne real fabricada a partir de células animais. Elas são chamadas de diversas formas, como carne sintética, in vitro, cultivada em laboratório ou até mesmo “limpa”.
Para a produção do nugget, são necessários cerca de dois dias em um pequeno biorreator, usando uma proteína para estimular as células a se multiplicarem, algum tipo de suporte para dar estrutura ao produto e um meio de cultura – ou desenvolvimento – para ‘alimentar’ a carne conforme ela se desenvolve.
Segundo a empresa, o resultado ainda não está disponível comercialmente em nenhum lugar do planeta, mas o presidente-executivo, Josh Tetrick, diz que ela estará no cardápio em alguns restaurantes até o fim do ano.
“Fazemos coisas como ovos, sorvete ou manteiga de plantas e fazemos carne apenas a partir de carne. Você simplesmente não precisa matar o animal”, explica Tetrick.
A equipe de jornalismo da BBC provou os produtos e os resultados foram impressionantes. Segundo eles, a pele era crocante e a carne, saborosa, embora a textura interna fosse um pouco mais macia do que a de um nugget de grandes redes de restaurantes, como McDonald’s ou do KFC.
Josh, assim como outros empresários que trabalham com “carne celular”, diz que a ideia é impedir o abate de animais e proteger o meio ambiente da degradação da pecuária intensiva industrial.
Além disso, eles afirmam que estão resolvendo o problema de como alimentar a crescente população sem causar mais danos ao planeta. A empresa faz questão de ressaltar que sua carne não é geneticamente modificada e que não requer antibióticos para crescer.
A Organização das Nações Unidas (ONU) revela que a criação de animais para a alimentação humana é uma das principais causas do aquecimento global e da poluição do ar e da água. Ainda de acordo com a Organização, mesmo que a indústria pecuária convencional se esforce para se tornar mais eficiente e sustentável, muitos duvidam que ela consiga acompanhar o crescente apetite global por proteína.
Anualmente, 70 bilhões de animais são abatidos para alimentar sete bilhões de pessoas, destaca Uma Valeti, cardiologista que fundou a Memphis Meats, empresa de carnes produzidas a partir de células, na Califórnia.
À medida que que mais pessoas saem da pobreza, a demanda global por carne dobra, segundo ele. Nesse ritmo, Valeti acredita que a humanidade não conseguirá criar gado e frango suficientes para saciar o apetite de nove bilhões de pessoas até 2050. “Assim, podemos literalmente cultivar carne vermelha, aves ou frutos do mar diretamente dessas células animais”, diz Uma Valeti.
Fonte: BBC