Em busca de linhagem para melhorar a disponibilidade de nutrientes, pesquisadores de Montes Claros produzem espécies em cativeiro
Por Redação

Uma série de pesquisas que estão sendo realizadas no Instituto de Ciências Agrárias (ICA), em Montes Claros, mostram que a inclusão de farinha de insetos na dieta de camundongos tem sido eficaz na redução da desnutrição e da obesidade. Outra linha de estudo busca definir um protocolo de produção de insetos em cativeiro para a alimentação animal e humana.
Segundo os pesquisadores, os insetos são fonte de proteína alternativa às tradicionalmente utilizadas, pois aliam oferta de alto índice de nutrientes com sustentabilidade produtiva. Para o zootecnista e professor do ICA Diego Vicente da Costa, os insetos podem gerar proteína de alta qualidade nutricional com resíduos orgânicos de baixo valor agregado. “Também consomem menos água e menos energia, além de emitirem menos gases de efeito estufa que outros animais de produção comumente utilizados na alimentação humana”, explica.
Os resultados apontaram a eficácia da inclusão da farinha de insetos na dieta de aves, peixes, cães, gatos e camundongos, sendo os últimos o principal modelo animal para estudos de nutrição humana, de acordo com os pesquisadores. Para a pesquisa, os cientistas utilizam dois tipos de camundongos:obesos e desnutridos.
“Os obesos emagreceram e os desnutridos, engordaram. Parece haver algum componente na farinha de insetos que modula o metabolismo desses animais”, observa o professor. O trabalho sugere que insetos podem ser usados no combate à desnutrição humana e controle de doenças metabólicas, como a obesidade.
Agora, a equipe está desenvolvendo em cativeiro a produção de insetos como grilos, tenébrios, que são um tipo de besouro, e barata cinérea, espécie que difere da barata doméstica. Segundo os cientistas, para a produção industrial em larga escala é necessário um protocolo que oriente as melhores práticas de criação e manejo dos animais, assegurando, assim, a produtividade e segurança alimentar.
Para os pesquisadores, os resultados dos estudos podem dar suporte técnico e científico à regulamentação do uso de insetos na alimentação humana ou animal. De acordo com Diego Costa, o produtor poderá se beneficiar do estabelecimento e da adequação dos processos de produção dos insetos em cativeiro. “O consumidor, por sua vez, terá a garantia de um produto de alta qualidade nutricional e sanitária”, ressalta. Parte dos estudos é feita em parceria com a Universidade Federal de Lavras.
Componentes alimentares
Com o intuito de oferecer produtos ricos para o metabolismo animal e humano, a pesquisa busca linhagens melhoradas dos insetos e maneiras de aperfeiçoar a disponibilidade de nutrientes desses animais. Outra perspectiva do estudo avalia quais componentes alimentares podem ser extraídos dos insetos para serem serem utilizados separadamente como suplementos ou aditivos.
O pesquisador e professor do ICA, Junior Cota, explica que após a etapa de produção dos insetos, a equipe irá processar a farinha obtida com o auxílio da biotecnologia. “A partir desse ponto, diversos componentes poderão ser extraídos e isolados, como proteínas, prebióticos e óleos”. Também está em análise a extração de compostos de interesse de outros mercados, como as indústrias farmacêutica, cosmética e de papel e celulose, finaliza Cota.
Fonte: UFMG