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Megatendências e as novas oportunidades de mercado

As megatendências são baseadas em expectativas generalizadas originadas das mudanças estruturais que já são observadas na sociedade, natureza e nas relações entre economias.


Por Hugo Ferreira Braga Tadeu

Discussões a respeito das megatendências e como elas podem alterar os paradigmas econômicos e sociais existentes vêm ganhando cada vez mais destaque no cenário atual.Vários são os estudos conduzidos a fim de mensurar a intensidade e a forma dessas mudanças e parte do foco é a percepção de novas oportunidades que podem surgir ao longo dos próximos anos.

As megatendências são baseadas em expectativas generalizadas originadas das mudanças estruturais que já são observadas na sociedade, natureza e nas relações entre economias.

Existem diversas megatendências e percebe-se um consenso geral em relação a quais são elas, suas amplitudes e consequências. Alguns pesquisadores destrincham essas tendências em vários grupos pequenos, outros tendem a apresentar grandes grupos, em menor quantidade, mas que possuem abrangência muito mais significativa.

Pode-se detectar cinco principais megatendências sob o ponto de vista econômico e empresarial para os próximos anos:

Urbanização crescente: cidades de países em desenvolvimento vêm crescendo em grande escala, o deslocamento da população rural para os centros urbanos assume papel importante. Em países desenvolvidos as cidades começam a se esgotar e ficarem saturadas. Espera-se que a população urbana cresça 72% até 2050 (UN Department of Economic and Social Affairs, 2011 Revision), desse modo o investimento em desenvolvimento de infraestrutura torna-se fundamental para suprimir tais fatores; Alterações climáticas: a crescente demanda e a relativa escassez de recursos vêm ganhando importância nos debates atuais, principalmente por parte de ambientalistas devido às grandes alterações climáticas observadas.

Merece destaque o provável aumento no preço de energia e commodities, fator crucial para o futuro panorama econômico mundial. Até 2030 será necessário produzir 50% mais energia, e a população irá consumir 35% a mais de alimentos e 40% de água (National Intelligence Council, 2012). Percebe-se, portanto, a consequente necessidade de desenvolver novos tipos de energias alternativas não esgotáveis e tecnologias que otimizem a utilização de recursos naturais.

Mudanças no poder global: o elevado padrão de crescimento nos países em desenvolvimento com destaque ao BRICS chama atenção. Cada vez mais as empresas desses países ganham importância no cenário econômico mundial, além disso, a elevada geração de capital, tecnologias e talentos também é bastante representativa. Entende-se que existe real potencial desses países assumirem papel de potências econômicas no médio/longo prazo tornando-se líderes no cenário mundial.

Em 2050 o PIB dos países considerados do E7 (China, Índia, Brasil, Turquia, México, Rússia e Indonésia) poderá chegar a US$138,2 trilhões, enquanto o PIB do G7 (Japão, EUA, Alemanha, Reino Unido, Itália e França) será o equivalente a US$69,3 trilhões no mesmo ano (PwC Analysis, 2009).

Mudanças demográficas: é possível identificar duas tendências relacionadas à esse aspecto, o crescimento elevado da população em países menos desenvolvidos e o gradual envelhecimento da população em países economicamente maduros. Em 2000 10% da população era idosa, espera-se que esse número chegue a 21% em 2050 (UN report World Population Ageing, 2001).

A partir desse ponto, destacam-se dois fatores, a necessidade de investir e capacitar essa crescente população em países subdesenvolvidos com intuito de atender as demandas mundiais suprindo também os espaços deixados por idosos que se tornaram improdutivos, ainda, realizar mudanças institucionais que possibilitem governos e empresas bancarem gastos com a população idosa e aposentada.

Nova onda de inovações: a geração de inovações tecnológicas cresce em ritmo elevado nos últimos anos. Essas inovações, além de alterar o paradigma da relação entre empresas e clientes, traz ganhos de produtividade e lucratividade para as empresas. O setor de telecomunicações ganha destaque nesse aspecto, tendo em vista as grandes mudanças geradas na interação entre pessoas na sociedade de maneira rápida e inesperada.

Espera-se que em 2020 existam 6,58 dispositivos por pessoa conectados em algum tipo de rede, esse número em 2010 era de 1,84 aparelhos por pessoa (Cisco Internet Business Solutions Group, 2011). As empresas de todo o mundo devem estar preparadas para as mudanças descritas. Ao contrário das previsões de mercado, as megatendências não são incertas, elas são baseadas em fatores que já são observados atualmente e que irão alterar de forma significante um cenário futuro. Muitas empresas já possuem equipes que trabalham na construção desses cenários através de um método chamado Planejamento de Cenários.

Para um projeto de Planejamento de Cenários ser bem executado é necessária a dedicação integral de gerentes por um período de dois a seis meses (podendo se estender) em conjunto com consultores especializados em megatendências e cenários de longo prazo. Os custos com o projeto podem se tornar muito elevados, de acordo com Stephen Millett (2003) estima-se que o gasto com alocação de funcionários seja superior a US$400 mil em média, além de custos próximos a US$200 mil com a contratação de uma equipe de consultoria especializada. Empresas de grande porte com boa capacidade financeira devem assumir esses custos, principalmente quando considerado os ganhos que podem ser obtidos com esse planejamento.

A Shell se destaca como uma das líderes nesse processo, incorporando o planejamento de longo prazo à sua rotina. Desde a década de 70 a empresa aloca boa parte de seus esforços no planejamento de cenários. A estratégia da empresa sempre foi definir quais os possíveis cenários no longo prazo, a partir disso determinar quais seriam as ameaças e oportunidades de mercado, então definir um planejamento estratégico selecionando ações que possibilitem maximizar ganhos de produtividade e de mercado. Pesquisadores da Shell destacam a necessidade de colocar em prática as estratégias definidas por meio da análise dos cenários, a partir disso eles criaram uma ferramenta chamada “Real Options” (Opções Reais).

O Real Options nada mais é do que um meio de interlocução entre a definição do cenário e a definição das ações estratégicas da empresa, é um método bastante semelhante ao conhecido Stage-Gate. Entre as principais consequências dessa política pode-se destacar a capacidade da Shell em se adiantar aos choques no preço do petróleo na década de setenta e à elevação dos preços do gás natural no início dos anos 2000. Esses fatores possibilitaram à empresa se consolidar ainda mais no mercado mundial, tornando-se uma das líderes em seu segmento.

As megatendências são reais e irão ganhar cada vez mais importância na agenda corporativa das empresas. Os meios para alcançar as oportunidades geradas e superar os desafios são diversos, mas estão todos voltados para o planejamento estratégico tendo em vista os futuros cenários de mercado. A valorização das pessoas se torna relevante, pois a capacidade de criar cenários e desenvolver estratégias está diretamente ligada ao potencial de criação do indivíduo.

Portanto, uma equipe de Planejamento de Cenários que se destaca é composta por pessoas experientes em sua área e que possuem capacidade de solucionar desafios por meio da geração de novas ideias.

Fonte: Hugo Ferreira Braga Tadeu

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