Por meio de aplicativo, o consumidor poderá escolher lojas físicas parceiras que devolvem parte do valor gasto. Já são 500 empresas cadastradas
Por Alysson Lisboa/SIMI
Depois de se consolidar como a maior empresa de cashback do país, devolvendo aos consumidores mais de R$ 2 milhões e movimentando, somente no ano passado, R$ 1 bilhão em vendas, chegou a hora de a Méliuz avançar para o comércio das lojas físicas.
A empresa ficou conhecida com a solução que devolve parte da compra realizada no comércio eletrônico direto na conta bancária do consumidor. O serviço já tem dois milhões de usuários cadastrados. Mas a empresa percebeu que uma parte significativa dos consumidores não utiliza o e-commerce e prefere as lojas físicas.
Segundo dados de 2014 da E-commerce Brasil, apenas 29% da população já realizou compras on-line. Foi pensando no mercado off-line que a Méliuz começa, a partir desse mês, a disponibilizar o serviço de cashback físico.
Por meio de aplicativo será possível localizar os estabelecimentos participantes e a porcentagem de dinheiro que será devolvida utilizando uma máquina de pagamento semelhante às que já conhecemos hoje. Em dias de ofertas especiais os descontos podem chegar a 100% do valor gasto. Já estão cadastrados 500 estabelecimentos em Belo Horizonte e a ideia é expandir para todo o país. Leia na íntegra a entrevista realizada pelo Simi com o CEO da empresa, Israel Salmen.
Em 2011 vocês vislumbram o futuro oferecendo cashback para o comércio eletrônico. Seis anos depois voltam o olhar para as lojas físicas. Como foi essa movimentação?
Estamos indo para o passado com armas do futuro. Com tecnologia, aplicativos e cashback a gente está trazendo um conceito novo para que o dono do estabelecimento possa atrair mais clientes, fazer um marketing diferenciado e não depreciar o valor de seus produtos. A proposta não é dar desconto. O cliente terá acesso ao preço real dos produtos. Ele paga o preço cheio e parte desse valor volta para a conta bancária.
O Méliuz está entrando em um mercado com players importantes, que oferecem pontos e diversos benefícios. Como está a receptividade do lojista?
A gente está muito animado. O conceito é novo, a gente fala que o mineiro é desconfiado, mas a recepção está excelente em BH. A gente queria muito começar aqui na cidade. Nossa casa é aqui, começamos no San Pedro Valley. Vamos fazer Belo Horizonte ser o grande case do Méliuz.
Você acha que as empresas, de maneira geral, já enxergam que o atual modelo de pontos, milhagem etc. está ficando obsoleto?
Acho que sim, mas faltavam empresas como a Méliuz para apresentar esse tipo de solução para as lojas. A gente percebeu que esse modelo poderia dar certo. Não fui eu ou o Ofli Guimarães, o outro sócio, que montamos esse projeto. Foram os próprios usuários. Foi com base em pesquisas e conversas que fizemos com nossos usuários ao longo desses anos que a gente percebeu que o modelo ideal é aquele que dá liberdade, no qual ele ganha dinheiro, resgata para a conta bancária e usa da forma que quiser. Não precisa ficar comprando na mesma loja ou ficar preso. A gente viu que fidelidade é a liberdade. A gente mostra por meio de números que, ao devolver parte da compra, os clientes vão ficar mais felizes e amar a marca.
Mas o brasileiro não está muito desconfiado de promoções do tipo Black Friday que não são muito transparentes e os descontos soam um pouco irreais?
Exatamente por isso que a gente não trabalha com desconto. O brasileiro está cansado disso. Ele acha que é uma maneira de ser enganado. Com o cashback é diferente. Ele não tem desconto nenhum no produto. Ele paga o preço normal e um benefício vem após a compra.
Como vocês pensam a Méliuz para daqui uma década? Qual o próximo passo?
Temos que pensar primeiro no que estamos fazendo hoje. No próprio mercado online ainda há espaço para crescer, mas o mercado local, físico, é um território totalmente inexplorado. Um oceano azul. A gente vai ter muito trabalho nos próximos anos. Eu acho que esse realmente tem que ser o foco, por enquanto não temos que focar na expansão internacional. Temos que fazer um belo trabalho aqui no Brasil que tem um mercado gigantesco com mais de 200 milhões de pessoas.
Jeff Jarvir escreveu um livro que diz: tudo que você fizer o Google vai fazer melhor. Existe ameaça para o negócio de vocês?
Acho que sim. A gente não pode pensar que isso não existe. O que a gente não faz é gastar muito tempo pensando nisso. Muito empreendedor fala que o negócio não é novo e tem muito concorrente. A gente não gosta muito dessa teória. Sempre tem alguém fazendo. O cashback que a gente trouxe está se dissipando de alguma forma. O modelo veio de fora e existe há mais de 20 anos. A Méliuz tem que focar em fazer um produto bom.
Existe uma tendência de troca de competências sem movimentação de dinheiro no mundo. Você acha isso utópico demais pensar isso no futuro?
Estamos vivendo um momento em que as disrupções estão acontendo em vários mercados. Eu não sei quando isso vai acontecer, mas eu acho que nos vamos voltar para um tempo em que você dava, por exemplo R$ 10 para uma pessoa e ela recebia os mesmos R$ 10, sem atravessadores. Essa visão é a correta. Hoje existem várias empresas no meio do caminho que vão pagando taxas. Acredito que dentro de alguns anos vamos ver um disrupção nesse mercado e a queda de gigantes do setor financeiro. Como estamos vivendo um tempo de disrupções em vários mercados, é dificil prever como iremos resolver os problemas no futuro.
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