Representante da Oxis Energy, que desenvolveu a tecnologia, esteve presente durante o Forum Aeroespacial, no FINIT Festival
Por Pedro Matos/SIMI
Uma nova bateria desenvolvida pela empresa britânica Oxis Energy promete revolucionar o mercado de tecnologias que funcionam a partir de energia elétrica. Produzida à base de lítio e enxofre, a tecnologia já foi validada no mercado e Minas Gerais foi o lugar escolhido para sediar a fábrica que produzirá as baterias em escala industrial.
Atualmente, a maioria das baterias presentes no mercado funciona à base de íons de lítio. No entanto, as pesquisas com as baterias de lítio-enxofre (Li-S) apontaram que essa combinação é capaz de ter um desempenho consideravelmente superior à atual, principalmente em relação à densidade de energia. “Estamos trazendo uma tecnologia totalmente nova para o mercado. Até o final do ano que vem já teremos desenvolvido uma bateria com o dobro da densidade de energia da atual”, explica Roberto Galli, diretor-geral da Oxis Energy Brasil, em entrevista para o Portal SIMI, realizada durante o Fórum Aeroespacial, em Belo Horizonte.
De acordo com o diretor, outra vantagem está na segurança do produto. Isso porque as baterias de íons de lítio podem pegar fogo ou explodir no caso de danos ou exposição ao ar ou humidade. “A nossa tecnologia não corre esse risco porque tem uma camada de pacificação do lítio, então mesmo se ela sofrer uma penetração ou um curto circuito ela não pega fogo. Para a aeronáutica, por exemplo, isso é muito importante”, completa.
A vinda da OXIS Energy para Minas Gerais foi definida após o investimento de 3,7 milhões de libras na empresa feito pela Aerotec. O fundo é centrado no setor aeroespacial e na fabricação avançada e é ancorado pela Companhia de Desenvolvimento Econômico (Codemig).
Além disso, o lítio, mineral fundamental para a fabricação das baterias (Li-S) é encontrado em abundância no território mineiro. A fábrica da Oxis Energy, que será instalada em Belo Horizonte, próximo à Linha Verde, está em fase de projeto e a expectativa é que em 2020 comece a funcionar.
Desafios
A tecnologia das baterias ítio-enxofre (Li-S) foi desenvolvida na Universidade de Oxford em 2005 e resultou na Oxis, que nasceu como uma startup e hoje já conta com mais de 60 cientistas e engenheiros. Mas por ser uma tecnologia nova, os equipamentos necessários para produzi-la ainda estão sendo fabricados por uma empresa alemã. Para Roberto Galli, esse é um dos principais desafios do projeto. “O primeiro desafio é conseguir desenvolver as tecnologias para aplicações específicas de cada cliente. Outro ponto é a questão da manufatura em si, uma vez que os equipamentos necessários para fabricar as baterias não existem”.
Apesar disso, a Oxis Energy já possui protótipos validados junto a grandes empresas como Renault, Airbus e Safran e está fazendo parcerias no Brasil com a Embraer, por exemplo. A ideia é que a empresa tenha foco inicialmente em atender clientes dos setores de defesa, aeronáutica e transporte de veículos pesados.
Fórum Aeroespacial
O Fórum Aeroespacial foi realizado nesta, quinta-feira, dia 8, e reuniu importantes atores do mercado aeroespacial brasileiro. Durante o evento, que faz parte da programação do FINIT Festival, foram apresentadas tecnologias, cases, tendências e desafios do setor.
O Fórum Aeroespacial é um projeto realizado pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Sedectes) e tem o objetivo propiciar um ambiente de discussões multidisciplinar, rico em conteúdo que agregue conhecimento e possibilite o network entre atores do setor.
Além disso, o fórum visa realizar um intercâmbio de informações, conexões entre atores do setor, ampliar o conhecimento sobre o ecossistema e permitir apresentar Minas Gerais e suas diversas oportunidades de negócios para o mercado aeroespacial.
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