Implantes cerebrais estão cada vez mais perto da realidade; conheça possibilidades e riscos
Por Redação

Você já pensou em implantar um chip em seu cérebro para poder navegar livremente por suas memórias e reviver nitidamente seus melhores momentos? Esse procedimento que parece possível apenas na ficção está cada vez mais próximo da nossa realidade. E isso já gera uma preocupação digna de filmes de hollywood: hackers invadindo mentes humanas.
Avanços no campo da neurotecnologia estão nos deixando mais próximos de potencializar nossa atividade cerebral, especialmente no que diz respeito às nossas memórias. A expectativa é que em algumas décadas seremos capazes, inclusive, de editá-las.
A tecnologia que provavelmente nos permitirá tal feito é a dos implantes cerebrais, que estão rapidamente se tornando ferramentas comuns para os neurocirurgiões. Os implantes produzem a chamada estimulação profunda no cérebro, a DBS (da sigla em inglês, deep brain stimulation), para tratar gama ampla de condições, dos tremores da doença de Parkinson ao TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo).
Essa tecnologia está cada vez mais presente em institutos de pesquisa pelo mundo, principalmente em estudos para o tratamento de depressão, demência e outras doenças psicológicas. Cerca de 150 mil pessoas já passaram por tratamentos experimentais com os implantes.
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A ideia agora é usar o recurso para tratar distúrbios que afetam a memória, como os causados por eventos traumáticos. “Eu não me surpreenderia se um implante de memória estivesse disponível no mercado dentro dos próximos dez anos – essa é a escala de tempo de que estamos falando”, explica Laurie Pycroft, pesquisadora do departamento de ciências cirúrgicas na Universidade de Oxford, no Reino Unido, em entrevista para a BBC.
Daqui a 20 anos acredita-se que a tecnologia terá avançado o suficiente para que tenhamos ainda mais controle, a ponto de manipularmos as nossas memórias. Mas tal controle poderá que a tecnologia seja utilizada para o mal?
Riscos
A princípio sim. Se um hacker invadir um neuroestimulador de um paciente com doença de Parkinson, por exemplo, e alterar as configurações, ele poderia influenciar os pensamentos e comportamento do paciente, ou mesmo causar paralisia temporária.
Se os cientistas conseguirem decodificar os sinais neurais das nossas memórias, então os cenários podem ser infinitos: pense na quantidade de informação valiosa que poderiam ser armazenadas em banco de dados e servidores de hospitais.
Em um experimento em 2012, pesquisadores da Universidade de Oxford e da Universidade de Berkeley, na Califórnia, conseguiram desvendar informações pessoais como senhas de cartão de crédito apenas observando as ondas cerebrais de pessoas usando um headset (conjunto com microfone, óculos de visão 3D e fone de ouvido) para jogos virtuais.
E hackear dispositivos conectados a pessoas é uma ameaça que já existe. Em 2017, a FDA, agência americana responsável pela regulação de alimentos e medicamentos, fez um recall de 465 mil marcapassos depois de avaliar que eles estavam vulneráveis à ataques cibernéticos.
Com o recall, ninguém foi ferido, mas a agência afirmou que com aparelhos médicos cada vez mais conectados, redes de hospitais, cirurgias remotas, etc, há um aumento do risco de pessoas mal intencionadas explorarem as vulnerabilidades de segurança virtual.
Defesa
Felizmente, reforçar a segurança virtual no início do planejamento e desenvolvimento de aparelhos pode mitigar a maior parte dos riscos. A grande vulnerabilidade de acordo com especialistas está no fator humano, uma vez que não se pode supor que um médico se tornará especialista em segurança virtual.
O objetivo é garantir que desde o desenvolvimento dos primeiros implantes a preocupação com a segurança seja uma prioridade. Antes mesmo que a tecnologia se torne atraentes para pessoas mal intencionadas.
Fonte: BBC