Lidar permitiu recentes descobertas de cidades no México e na Guatemala
Por Redação

Pesquisadores estão revolucionando a arqueologia com uma nova técnica para a identificação de cidades antigas que estão cobertas por densas florestas. Utilizando a tecnologia Lidar (Light Detection And Ranging), foi possível, por exemplo, descobrir uma “megalópole” maia na Guatemala e mapear a cidade conhecida como Angamuco, no território mexicano, que foi ocupada pelos purépechas.
A tecnologia de laser, conhecida como Lidar, remove digitalmente as camadas de floresta para revelar as ruínas antigas abaixo. Se antigamente os arqueólogos estudavam povos antigos caminhando a pé, agora é possível encontrar estruturas de civilizações de outras épocas utilizando helicópteros, aviões e até mesmo drones.
Basicamente, a técnica consiste em apontar um laser de alta precisão para o solo, que varre a superfície do terreno e registra a distância até o chão de cada um dos feixes emitidos, sendo registrado também o respectivo ângulo de inclinação em relação à vertical do lugar.
Com essas informações, é possível, em um pequeno espaço de tempo, detectar construções, ruas, caminhos e outras estruturas construídas há milhares de anos e que não estão visíveis atualmente.
Desenvolvido pela primeira vez na década de 1960, o Lidar tem uma variedade de usos. Em uma de suas aplicações iniciais mais conhecidas, ajudou os astronautas da NASA a estudarem a superfície da lua durante as missões Apollo. Atualmente, também tem sido utilizada para pesquisas de empresas de petróleo e gás ou para avaliar danos de desastres, como o terremoto do Haiti de 2010, por exemplo.
Maias
Com o Lidar, pesquisadores identificaram ruínas de mais de 60 mil casas, palácios, rodovias elevadas e outros recursos arquitetônicos que estavam escondidas há anos embaixo de selvas do norte da Guatemala.
Ao contrário do que a pesquisa em terra sugeria, os resultados indicam que os maias são mais comparáveis às culturas sofisticadas, como a da Grécia Antiga ou a da China, do que às cidades-estados espalhados e pouco povoados.
Com esses novos dados, estima-se que a região habitava entre 10 a 15 milhões de pessoas, incluindo a população que vivia em áreas baixas e pantanosas, que até então eram consideradas inabitáveis.
Angamuco
Localizada no oeste do México, Angamuco foi construída e habitada pelos purépechas, grupo rival dos astecas e menos conhecidos do que eles. Por meio da tecnologia do Lidar, os arqueólogos descobriram que Angamuco tinha mais de 100 mil habitantes durante seu auge, algo que aconteceu em torno de 1.000 d.C a 1.350 d.C.
A cidade foi descoberta em 2007, mas com a partir das novas análises, foi possível mapear a região e estimar sua real dimensão. Para se ter uma ideia, os pesquisadores perceberam que Angamuco tinha o dobro de tamanho de Tzintzuntzan, que era uma capital imperial dos purépechas localizada no Lago de Pátzcuaro, em Michoacán. Até o momento, já foram mapeados 35 km² de área e foram encontradas pirâmides, templos, estradas, jardins e áreas de plantio.
Além das recentes descobertas na Guatemala e no México, o Lidar já participou de outros estudos arqueológicos, como a identificação de cidades ocultas em florestas no Camboja, por exemplo. Os pesquisadores acreditam que a tecnologia deve ajudar a identificar novos vestígios de civilizações nos próximos anos.
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