O 1º Congresso Mulheres na Ciência apresentou a história de três cientistas que, apesar das dificuldades, não largaram a carreira acadêmica
Por Paula Isis/SIMI

Uma pesquisa realizada pelo Parent in Science (com filhos na ciência, em tradução livre), grupo de pesquisadores gaúchos que analisa a relação entre a maternidade e a ciência, revelou que dos 1.216 docentes ouvidos (64 homens), 75% são mães e que quase metade do total (45%) afirma não ter tempo de trabalhar em casa. Outros 21% só conseguem desempenhar suas tarefas quando os filhos estão dormindo. Quase 60% das entrevistadas avaliam que a maternidade teve impacto negativo em suas carreiras, e 56% dizem que não conseguem cumprir prazos.
No ano passado, foi sancionada a lei que permite o afastamento por maternidade de pesquisadoras. Com a implementação da lei, elas passaram a ter direito a suspender as atividades acadêmicas por até 120 dias recebendo bolsa de instituição de fomento à pesquisa.
Diante destes dados e mediante a realização do 1º Congresso Mulheres na Ciência, na UFMG, entre os dias 27 e 31 de agosto, o SIMI foi até o campus Pampulha conversar com três pesquisadoras da universidade que não só fazem parte das estatísticas apresentadas acima, mas que vivenciam, no dia a dia, a realidade de cientistas que são mães e precisam lidar com a dupla jornada, que convenhamos, é bastante exaustiva.
Bárbara Mendes, Giliane Trindade e Rosaline Silva Figueiredo. Três mulheres cientistas, que atuam em diferentes áreas do conhecimento, mas com histórias de vida em comum: o desafio de manter em alta a produção científica e a qualificação profissional, enquanto desempenhavam a função de mães.
Elas se conheceram durante a mesa de debate “maternidade na ciência”, realizada no último dia 29, e de imediato identificaram pontos em comum que arrancaram lágrimas do público presente, enquanto debatiam, também, como superar as diversas formas de desigualdade de gênero na academia.
Bárbara tornou-se bióloga por circunstâncias da vida e teve que lidar com duas gestações durante os estudos: uma ao terminar o ensino médio e outra ao finalizar a graduação. “Entrei em desespero. Era uma formatura e uma gravidez”, brincou.
Ainda na área de ciências biológicas, conversamos com Giliane. Ciente de que não seria fácil conciliar a vida de mãe com a academia, a pesquisadora adiou por alguns anos o plano de ampliar sua família, e assim que decidiu ter uma filha, pouco tempo depois engravidou de uma menininha. Com duas gestações consecutivas, a pesquisadora sofreu com a pressão da possibilidade de encerrar sua carreira devido à baixa produção científica durante o período em que tinha duas bebês em casa.
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