Artigo especial da Anjos do Brasil para o Startupi fala sobre a pequena cidade de Santa Rita do Sapucaí e como ela se tornou o maior celeiro de telecomunicações do país
Por João Alfredo Rodrigues Paula e José Cesar Gui
Prédio do Instituto Nacional de Telecomunicações, Inatel
Há pouco mais de três anos, o Núcleo Sul de Minas da Anjos do Brasil se instalou na cidade de Santa Rita do Sapucaí, no sul do estado mineiro. A cidade, com cerca de 40 mil habitantes, foi escolhida por uma razão fundamental: seu DNA com o empreendedorismo.
Foi aqui que surgiu, em 1959, a 1ª. Escola Técnica de Eletrônica da América Latina – ETE, que é referência no País até hoje. Podemos dizer que a fundação da ETE foi a semente do desenvolvimento tecnológico local. Do fim dos anos 50 até hoje, foram centenas de estudantes de eletrônica que ajudaram na formação e consolidação do Vale da Eletrônica do Brasil. A cidade de Santa Rita conta hoje com quase 160 empresas da área e emprega milhares de pessoas.
Em 1965 foi criado na cidade o Inatel (Instituto Nacional de Telecomunicações) que iniciou na área de telecomunicações, ainda incipiente no País naquela época, e hoje tem na cidade várias áreas de engenharia de tecnologia inclusive o de engenharia biomédica. Há ainda a FAI, uma faculdade na área de Gestão e Negócios – Centro de Ensino Superior em Gestão, Tecnologia e Educação.
Com toda a infraestrutura educacional e empresarial, inclusive com escolas públicas de ensino básico excelentes, criou-se um ambiente para o desenvolvimento de empreendedorismo de inovação tecnológica.
Dezenas de startups já passaram por incubação no Sul de Minas, e atualmente há cerca de 60 startups passando pelo processo de incubação localmente. O perfil geral das startups da região é de tecnologia, tanto em software como em hardware, e algumas desenvolvem produtos ou serviços para o Vale da Eletrônica e para o mercado agropecuário, como café e pecuária. Hoje, na região, existem incubadoras de base tecnológica que recebem startups não só locais, mas de todo o Brasil. São elas:
- Prointec, criada em 1999, que ampara não só a Incubadora Municipal Sinhá Moreira, mas também o Condomínio de empresas Rui Brandão. Ainda jovem, a incubadora ganhou o prêmio Anprotec em 2003 e hoje está instalada em prédio construído exclusivamente para receber cerca de 20 projetos nascentes de tecnologia.
- Incubadora do Inatel, criada também na década de 90, para receber principalmente projetos do instituto. Hoje recebe empresas nascentes com alto potencial de todos os lugares. Tem uma capacidade de receber até 11 empresas por vez em seu programa, além de receber projetos em sua pré-incubação.
- Intef, que é a incubadora da FAI, criada em 2009 e que pode receber até quatro projetos nascentes por vez.
Muitas empresas que saíram dessas incubadoras se instalaram no polo industrial de Santa Rita e algumas já receberam investimento-anjo. A história delas contaremos oportunamente.
Acontecem, aqui, poucos investimentos locais pelo fato de o mercado de investimento-anjo ainda ser embrionário, o nosso maior desafio é, portanto, a falta de conhecimento do que seja esse investimento. Daí o trabalho exaustivo da Anjos do Brasil na região de “catequizar” os potenciais anjos e também de mostrar aos empreendedores a vantagem de ter um sócio que possa levar não só recursos financeiros mas também expertise para o desenvolvimento mais rápido do projeto.
Mas o sul de Minas Gerais não e só Santa Rita!
A cidade de Itajubá, cerca de 40 km antes de Santa Rita, é outro polo de tecnologia de ponta. Lá se encontra a UNIFEI-Universidade Federal de Itajubá, uma das escolas mais respeitadas do país. A Universidade tem um Centro de Empreendedorismo bastante desenvolvido, o CEU (Centro de Empreendedorismo da Unifei), que desenvolve programas muito importantes na área de tecnologia de inovação. Além disso, mantém a INCIT- Incubadora de base tecnológica que foi premiada em 2014 pela Anprotec.
*João Alfredo Rodrigues Paula e José Cesar Guiotti são Investidores-anjo, associados à Anjos do Brasil e fundadores do Núcleo do Sul de Minas. Já investiram diretamente em várias startups e em fundos de empresas emergentes.
Artigo originalmente publicado em Startupi.
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