Estudo da UFTM, financiado pela Fapemig, utiliza tratamento com cavalos para combater alterações naturais provocadas pelo envelhecimento
Por Redação

A ciência tem comprovado a importância da equoterapia no tratamento complementar de reabilitação física e mental. A Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), em Uberaba, desenvolve uma pesquisa com equoterapia em idosos saudáveis apenas com alterações fisiológicas naturais do próprio envelhecimento.
Com isso, a universidade busca disseminar os resultados para que a equoterapia seja praticada como forma de prevenção e qualidade de vida. O estudo, inédito em todo o mundo, tem o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).
Iniciada há quatro anos, a pesquisa “Efeitos da Equoterapia sobre os Parâmetros Cardiovasculares, as Atividades Eletromiográficas e o Equilíbrio em Praticantes Idosos” analisou 35 idosos de 60 a 79 anos, que participaram de todas as etapas definidas no projeto e assinaram o termo de consentimento.
Para avaliar o potencial de recursos equoterapêuticos em idosos saudáveis, a equipe acompanhou os voluntários em 30 atendimentos, cumprindo as atividades de avaliação da frequência cardíaca, oxigenação sanguínea e pressão arterial em todos esses atendimentos, em cinco momentos: em repouso, no 1º, 15º e 30º minuto e em repouso final.
“Houve avaliação das atividades eletromiográficas no 1º, 20º e 30º atendimentos, com eletrodos de superfície, posicionados no tronco”, revela a professora e pesquisadora Ana Paula Espíndula. A justificativa se deu para elucidar a terapia com a utilização de cavalos como um recurso para melhoria da condição cardiopulmonar, equilíbrio e tônus das pessoas idosas.
A pesquisadora explica que o movimento tridimensional do cavalo com a andadura ao passo é semelhante à marcha humana. “À medida que a idade avança, a maioria das pessoas passa a ter dificuldades na marcha, apresenta rigidez nas articulações e encurtamento musculares”, observa.
Ainda de acordo com Ana Paula, esses fatores aumentam o número de quedas que podem tornar os idosos incapacitantes, elevando também significativamente os custos médicos. Em alguns casos, a queda pode levar à morte, com fraturas capazes de provocar uma embolia pulmonar ou outras enfermidades graves.
Para a professora aposentada Vilma Honória Mota Geraldino, de 69 anos, uma das voluntárias do estudo, a experiência foi muito satisfatória. Ela conta que quando começou estava numa fase de sedentarismo e depressão após a morte do marido.“Com a equoterapia eu me senti muito bem, melhorei da depressão e das dores que sentia na coluna, pelo fato de estar sedentária. Eu não montava, mas entrei numa sintonia tão boa com o cavalo que não dá para explicar”, revela. Além disso, ela assegura que sentiu todos os benefícios e que gostaria muito de dar continuidade à equoterapia.
Prevenção e resultados
Para prevenir as situações comuns no dia a dia, a pesquisadora acredita que é preciso investir na atenção básica na saúde dos idosos para melhorar a qualidade de vida deles e impedir que fiquem incapacitantes.
Os dados apresentados são bastante significativos: a frequência cardíaca se manteve estável, demonstrando que a equoterapia pode ser trabalhada com idosos sem ocasionar sobrecarga cardiovascular. No 20° atendimento constatou-se um aumento da musculatura e após o 30º atendimento houve melhoria considerável do equilíbrio e aumento da atividade muscular.
“Queremos devolver à sociedade esse trabalho detalhado, por meio de nosso estudo e conclusões, com publicações internacionais”, revela Ana Paula Espíndula.
O estudo possibilitou ainda a produção de duas dissertações de mestrado das alunas Edneia Corrêa de Mello e Luanna Honorato Diniz, defendidas na UFTM.
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