Durante os três dias de competição, vivenciamos como é o dia a dia daqueles que buscam, por meio da inovação, criar soluções para a sociedade
Por Alysson Lisboa/Simi

Tirar do papel uma ideia e transformá-la em realidade. Essa foi a missão de 120 jovens, que durante 56 horas puderam vivenciar intensamente como nasce uma startup. O evento já contou com a participação de mais de 400 mil pessoas ao redor do mundo. Em BH, aconteceu dentro do Seed, no Espaço CentoEquatro. Um clima de competição, compartilhamento e descontração tomou conta dos participantes e mentores. Ao final, uma banca de especialistas avaliou os 17 projetos. Participar da Startup Weekend é uma experiência única e um aprendizado enorme. Trabalhar em equipe, vencer desafios e resolver inúmeros problemas que surgem no caminho, empodera os participantes. O Simi conta agora como foram os três dias de trabalho no Startup Weeekend BH (SWBH).
Primeiro dia, sexta-feira, 19 de agosto
Os participantes foram recebidos com muita música e interação. À noite, uma fila foi formada e os participantes tiveram 60 segundos para “vender sua ideia” aos outros participantes. Teve de tudo: aplicativos para negociar a venda de precatórios, gestão de estacionamento de bicicletas, solução para empresas de contabilidade e até babá de aluguel, time que escolhi para participar. As ideias mais votadas foram selecionadas e as equipes se formaram.
Pronto, nosso time já tinha uma ideia. Desenvolver uma solução para mães que não têm com quem deixar seus filhos em momentos curtos. Já passava das 23h quando fomos embora do prédio do Seed. O próximo dia seria de muito trabalho. Roberto Rocha, publicitário, um dos mentores do evento, ficou surpreendido com a qualidade das propostas. “Alguns grupos precisaram mudar um pouco a ideia inicial, mas continuaram com o foco e motivados”, completa.
Segundo dia, sábado, 20 de agosto
O trabalho começou logo cedo com um café da manhã às 8h. O dia seria intenso. Já tínhamos a ideia e precisávamos, então, validá-la. A solução ganhou o nome de “Like a Mom” e fomos para a rua conversar com as pessoas. Elaboramos um questionário para saber a receptividade da solução. “Você já deixou de ir a um compromisso porque não tinha com quem deixar seu filho?” Cerca de 79% das mães entrevistadas disseram que sim. Ou seja, o problema existia. A questão agora é entender como resolver tal problema. Então, uma segunda pergunta foi feita: “Você deixaria seu filho com uma pessoa recomendada por alguém do seu círculo próximo?” Com certa desconfiança, 20% das mães disseram que sim. Amanda Barbosa, idealizadora do Like a Mom, não conseguia esconder o nervosismo e a emoção em participar e desenvolver o aplicativo: “Foi uma montanha-russa de emoções. Acho que estamos entregando uma proposta de valor para a sociedade”, comemora.
No período da tarde, uma palestra ajudou os participantes a entender melhor como é construído um produto minimamente viável (MVP, sigla em inglês). À noite, os times continuaram a fase de desenvolvimento dos produtos e as soluções começaram a ganhar forma. Já era quase madrugada quando os participantes deixaram o espaço. Era hora de descansar um pouco para aguentar o último dia do evento e preparar o pitch para os jurados.
Terceiro dia, domingo, 21 de agosto
Logo pela manhã, correria! Tudo precisava estar pronto até às 16h. Prazo final para a entrega da apresentação da noite, um pitch de 4 minutos com direito a perguntas feitas pelos jurados. Emoção à flor da pele, ensaios, tensão e muita rapidez na criação de um site, pesquisa sobre tamanho do mercado e modelo de negócios. De repente, uma caixa com gelo, cerveja, batatas fritas e sucos chegou ao Seed. Era a materialização da ideia do time Saved Food. Gustavo Souza, um dos membros da equipe, não escondia a empolgação em poder mostrar aos demais participantes do SWBH como era viável seu projeto. A proposta surgiu da observação de que, diariamente, milhares de produtos são descartados pelos supermercado por prazo de validade vencido. A ideia, então, foi montar um e-commerce para comercializar, mais barato, esses produtos. Para surpresa do grupo, a proposta conseguiu arrecadar quase R$ 700 em menos de 24 horas.
O sucesso do Saved Food foi tão grande que ela venceu o SWBH. Os premiados foram conhecidos na noite de domingo. Espaço lotado, jurados e convidados acompanharam de perto as 17 startups que apresentaram seu pitch e foram sabatinados pelos jurados. Luiz Gomes, facilitador do Startup Weekend e responsável de produtos da startup Lotebox, avaliou positivamente os trabalhos apresentados. “Esse é o segundo Startup Week que realizo em Belo Horizonte e percebo que, cada vez mais, as pessoas estão engajadas em participar. Os ingressos se esgotaram em 48 horas. Os integrantes mostraram muita vontade e apresentaram ideias inovadoras”, completou o organizador.
Um evento que respira inovação
Erick de Albuquerque, diretor-executivo da A&C Holding, que investe em startups, foi um dos jurados do SWBH. Ele viajou diretamente de Recife para prestigiar o evento. “Estou surpreso, positivamente, com o que presenciei aqui. Vejo que novas pessoas estão entrando no ecossistema, buscando soluções criativas para problemas reais. Temos aqui mais de 100 jovens unidos buscando resolver problemas”, comemora Erick. O empresário elogia as iniciativas privada e pública unidas em um evento como esse, o que não é muito comum no Brasil. É bom ver as coisas acontecendo em Minas Gerais”, completou Erick.
O fim de semana imersivo dentro do Seed aproximou pessoas, competências e sonhos. O Startup Weekend deixou uma mensagem fundamental aos participantes. É possível empreender no Brasil e não existe caminho fácil para o sucesso de uma startup. Para resolver os problemas das cidade e de seus cidadãos com produtos viáveis, basta unir, em um ambiente inovador, governo, iniciativa privada e jovens dispostos a fazer diferente. É imperativo continuar investindo em educação empreendedora, fortalecer o ecossistema e mostrar aos jovens que esse é o futuro da economia.
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