Leandro Garcia, presidente da Prodabel, fala do que tem sido feito para fazer de Belo Horizonte uma cidade inteligente
Por Redação

No ano passado, o arquiteto italiano Carlo Ratti declarou em uma entrevista que preferia usar o termo “cidades sensíveis” a “cidades inteligentes” para se referir ao fenômeno das smart cities. Diretor do Senseable City Lab do MIT, ele acredita que essa opção aproxima mais o termo do que deve ser o foco principal: detectar e atender as demandas dos cidadãos.
O mundo está cheio de exemplos impressionantes. Amsterdam é um deles, especialmente no que diz respeito à mobilidade. Transportes e segurança são, aliás, as áreas em que as smart cities mais se destacam, mas a princípio a estratégia é capaz de resolver problemas de qualquer natureza: sociais, processos internos de gestão, enfim, qualquer sociais, ação classificada como inteligente. Mas, e no Brasil? O que já vem sendo feito nesse sentido?
A Empresa de Informática e Informação do Município de Belo Horizonte (Prodabel) tem trabalhado para acelerar a transformação da capital em uma referência de cidade inteligente por meio da tecnologia. Falamos mais sobre o projeto aqui.
Para Leandro Garcia, presidente da Prodabel, smart city é uma cidade que usa a tecnologia para aprimorar as ações a serviço do cidadão, focando também em sustentabilidade. O cidadão é a figura fundamental para a qual qualquer gestão trabalha, e qualquer ação nesse sentido tem como objetivo final atender de forma mais eficiente, rápida e personalizada. O objetivo é a melhoria dos processos, e a tecnologia é uma ferramenta para cortar caminhos em direção a esse resultado.
Esse seria o ponto de vista que se refere ao cidadão comum. Existe também uma fatia da população que é o ecossistema empreendedor e tecnológico de Belo Horizonte. A cidade tem uma grande vocação para serviços em tecnologia, e é berço de muitos bons negócios na área. Posicionar-se como cidade inteligente abre portas para o público tecnológico, fomentando o ecossistema de inovação e trazendo desenvolvimento econômico para a cidade.
O Gartner determinou níveis de maturidade para as gestões inteligentes. O maior nível é aquele em que o volume de serviços demandados pelo cidadão diminui. Pode parecer contraditório, mas indica que a cidade está sendo capaz de detectar e antecipar a solução dessas demandas.
Em Belo Horizonte, uma grande ação nesse sentido é a parceria público-privada (PPP) para troca da iluminação pública. Ao todo, 185.000 luminárias simples serão substituídas por lâmpadas de LED. A ideia é permitir que os novos equipamentos sejam capazes de trocar informações. Hoje, a prefeitura possui vários canais para que o cidadão registre pedidos para troca de uma lâmpada queimada. O novo sistema deve ser capaz de emitir um sinal para o órgão responsável quando uma luminária para de funcionar, acionando o serviço de troca. Em última instância, isso reduz o volume de solicitações dos cidadãos, uma vez que ele não precisará mais pedir por esse serviço.
Um outro exemplo é uma prova de conceito de um sistema de vídeo analytics que aconteceu na cidade. BH possui mais de 1500 câmeras de vigilância espalhadas pelas vias públicas. O sistema testado usa do reconhecimento de imagens para extrair informações das gravações. Analisando a movimentação, o software é capaz de acionar um gatilho para a BH-TRANS quando detecta um incidente de trânsito, ou acionar a Secretaria de Saúde quando identificar um atropelamento.
Talvez smart cities tenha se tornado um tema muito debatido agora por causa da grande evolução tecnológica que permite implantar esse tipo de serviço. Por outro lado, para muitas cidades, os obstáculos tecnológicos podem ser um empecilho para a aceleração desse processo. Infraestrutura tecnológica adequada é um dos maiores desafios.
Para Belo Horizonte, essa pode ser uma oportunidade. A PPP da iluminação pública pode receber diversas ações de inteligência. A cidade se encontra em posição privilegiada e tem condições de se tornar a cidade mais inteligente do Brasil. E o Brasil tem potencial para se posicionar como fornecedor desse tipo de tecnologia.
É quase consenso no mundo da tecnologia que estamos vivendo uma nova revolução industrial, que passa por termos em alta como internet das coisas, inteligência artificial e big data. Esses são aspectos que já afetam o modo com que as empresas funcionam e, por consequência, o modo como as cidades funcionam. Este é um caminho irreversível e amplificável. É o futuro da gestão de cidades.
Fonte: BH-TEC

Fonte: BH-TEC