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Startup oferece produto que analisa Big Data para empresas

Entrevista com Bruno Lambertucci, sócio da Proativa Big Data.


Por Pedro Paturle

Entrevista realizada em maio/2015. Publicada em 30/9/15.

Você já ouviu falar que um dos maiores desafios das empresas na atualidade é fazer a análise de volumes de dados cada vez maiores, a chamada Big Data? A startup mineira Proativa tem o propósito de resolver este problema. A empresa lançou no mercado um produto personalizável para analisar grandes volumes de informações sob medida, que vem sendo testado com sucesso por grandes corporações do país.

Entrevistamos o engenheiro eletrônico Bruno Lambertucci, empreendedor em série que já trabalhou em oito empresas e fundou uma das maiores aceleradoras de startups do país: a Techmall, em Belo Horizonte. Atualmente, Bruno dedica metade do seu tempo à aceleradora e a outra metade à Proativa, empresa que já é considerada um caso de sucesso em Big Data. Vamos saber mais!

Simi – O que é a Proativa? O que faz a empresa?

Bruno – A Proativa, desde 2011, é uma empresa que pesquisa, desenvolve e fornece soluções em mineração de dados para auxílio à tomada de decisão. Mas o que significa isso, minerar dados? Está muito em voga o termo “internet das coisas”: as coisas, objetos, vão estar conectados cada vez mais à internet. Ao se conectarem, trocam informações e a quantidade de dados aumenta. É cada vez mais difícil para o analista, o ser humano, analisar esses dados para que possa tomar alguma decisão a partir disso. A área de pesquisa mineração de dados vem para extrair conhecimento útil para auxiliar a tomada de decisão a partir desses dados.

Como surgiu a empresa?

A Proativa renasceu em 2011. De fato, não sou sócio fundador. Eu fiz um investimento-anjo na empresa faltando um mês para defender a minha dissertação de mestrado. Refiz todo o planejamento estratégico: de desenvolvedora de software na área médica, usados em monitores de sinais vitais, para uma empresa de Big Data Analytics, que é essa análise de grandes bases de dados. Poucos meses depois desse investimento, aprovei o primeiro grande projeto da empresa junto à Cemig. Esse investimento na Proativa foi feito dentro da Inova, incubadora de empresas da UFMG.

Como a mineração de dados pode ser aplicada?

Vou dar um exemplo: as distribuidoras de energia elétrica perdem, aproximadamente, R$ 8 a 10 bilhões com fraudes na rede. Uma das grandes dificuldades delas é coibir esses “gatos” (furtos de energia). Há dificuldades em selecionar os consumidores de energia que precisam ser inspecionados. Por isso, a Proativa foi convidada a analisar a probabilidade de fraudes e qual a chance de se recuperar essa energia. Naquela época, uma distribuidora com quem fizemos nosso primeiro projeto, a cada 10 inspeções que ela executava, acertava só 4, baseada no conhecimento do especialista. Nas outras 6 inspeções, era tempo perdido. A Proativa venceu uma licitação para identificar qual consumidor tem alta probabilidade de fazer gato e qual a probabilidade de recuperar aquela receita, de cobrar e receber. A Proativa desenvolveu uma metodologia que selecionava os melhores “alvos”. Nos primeiros testes, passamos os índices de acerto de 4 para 6, um crescimento relativo de 50%. Isso traz um retorno grande. Foi o primeiro case de sucesso da Proativa.

E de lá pra cá, quais foram as parcerias e investimentos?

A Proativa vem sendo bastante investida pelo governo, com recursos de subvenção econômica. Teve recursos da Finep, CNPq, FAPEMIG e Aneel. Isso contribuiu muito para que nos últimos 5 anos a empresa pudesse ter na sua equipe profissionais bastante qualificados; doutores e mestres pesquisando e aplicando técnicas no desenvolvimento de produtos nessa área de mineração de dados. Além desses recursos, a Proativa participou de vários concursos e competições de planos de negócios de tecnologia. A Proativa tem clientes do porte da Cemig, Centro de Desenvolvimento de Tecnologia Nuclear – CDTN, Orteng, Fundação João Pinheiro, Serpro… Já alcançou grandes clientes e projetos. Pode destacar algum programa de que a empresa participou? Um dos cases bacanas foi o Programa Inovativa [VÍDEO], no ano passado; dentre 700 e poucas empresas que participaram desde o início, com etapas regionais, até a etapa nacional, em São Paulo, a Proativa ficou em 2º lugar. Um dos produtos da competição foi o Target E-gov.

Qual é o principal produto da Proativa?

O Target é a principal tecnologia da Proativa. Ela é uma plataforma de mineração de dados escalável como serviço; que extrai informação de grandes bases de dados e auxilia a tomada de decisão. É uma plataforma de propósito geral, ou seja, ela auxilia a tomada de decisão para qualquer tipo de empresa, em qualquer área de conhecimento. Por exemplo, faz mineração de dados sobre fraudes para selecionar o alvo para inspeção; para prever eventos climáticos extremos e os impactos nas áreas urbanas; para planejar investimentos na manutenção de ativos; prever o grau de inadimplência das empresas. Pode ser aplicada em vários segmentos. Existe uma tendência para que os subprodutos oriundos da plataforma Target, uma plataforma genérica, virem novas empresas. Pode ser que, nos próximos meses, ou anos, surjam novas spin-offs (empresas derivadas) da Proativa, em parceria, a partir dessa plataforma-mãe. Para escalar as vendas, a estratégia é criar novos produtos com grandes parceiros. Esse mecanismo é recente.

Qual a situação atual da Proativa?

A Proativa tem um grau de maturidade que está um passo à frente das startups que estão começando a acelerar. Ela é uma empresa que já tem faturamento, possui uma equipe de 9 pessoas, tem grandes clientes e financiamento do governo, para manter a equipe. A empresa está atualmente buscando capital semente e venture capital, que é um segundo ou terceiro estágio de investimento, depois do investimento-anjo.

Há planos de internacionalização?

Sim, os próprios nomes dos produtos em inglês já indicam este interesse. A Proativa tem potencial para vender muito mais pra fora do que no Brasil. A internacionalização vai acontecer naturalmente. Para isso, estamos desenvolvendo parcerias.

Qual a estratégia de parceria desenvolvida pela Proativa junto ao Governo? Como é o case da Proativa em governo eletrônico?

O Target E-gov é uma plataforma de “Governo eletrônico”, que são os serviços prestados ao cidadão de forma eletrônica. Um dos problemas enfrentados pelo governo é a segurança de informação. E a Proativa fez uma transferência de tecnologia na área de mineração de dados. A empresa venceu um edital oferecido pelo Serviço Federal de Processamento de Dados – Serpro e UFMG, que desenvolveram know how para governo eletrônico, para absorver esse conhecimentoe poder comercializá-lo. Depois, a Proativa participou do Itec, que é uma plataforma de ofertas e demandas tecnológicas.

Como o empreendedorismo surgiu na sua vida?

Antes da Proativa, trabalhei em 8 empresas, quase todas multinacionais. Trabalhei em P&D (pesquisa e desenvolvimento), planejamento estratégico, comercial, vendas, manutenção, compras, um pouquinho de tudo. Aos 15 anos, montei uma locadora de videogame dentro do meu quarto. Pegava fitas de videogame emprestadas na minha rua e alugava os cartuchos para uma turma rival da rua de cima. Fiz ovo de páscoa, mini pizza congelada. Sempre por trás disso tinha um modelo de negócio e o espírito empreendedor, que vem desde cedo. A Proativa é minha sexta startup. Nos últimos 10 anos tenho me dedicado mais à área de planejamento comercial. Foi essa experiência, e talvez o espírito empreendedor, que me motivaram a empreender.

Pode nos contar sobre a Aceleradora Techmall, da qual também é sócio?

Em 2009, criei a PDI Consultoria em Startups, empresa que foi incubada na Inova-UFMG. A PDI foi reconhecida como aceleradora de empresas e se transformou naTechmall. Algo inédito: uma startup comprando outra e virando aceleradora. A UFMG criou uma startup e depois ela investiu nessa startup, anos depois, via Fundepar. O CNPJ do Techmall nasceu dentro da Inova-Incubadora da UFMG. Eu não conheço história assim. Uma aceleradora precisa de um modelo de negócios sustentável. A Techmall foi muito bem pensada. Uma aceleradora não tem liquidez e ganha dinheiro vendendo empresas. A cada 10 startups, 9 não vão vingar. É uma aposta alta. A Techmall tem três unidades de negócio: o coworking – escritório compartilhado para empreendedores e empresas, que podem usar o espaço pagando por ele. Nosso coworking tem inteligência de negócio, é um ambiente de geração de novos negócios, pelos próprios coworkers, pelos eventos e a rede de contatos que circula pelo espaço. Isso gera negócios. Aqui você faz negócio. Além da própria aceleradora, a terceira unidade de negócios são as consultorias, em área de empreendedorismo e inovação. E essa receita obtida é utilizada para investimento na aceleradora.

Fonte:

Cesta De Compras