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“Uma forma de construir um mundo melhor é levar a ciência para o mercado”

Nesta semana, o #PerfilEmpreendedor apresenta a empreendedora Janayna Bhering


Por Redação

CEO da SafeTest, Janayna Bhering fala sobre sua trajetória e desafios no empreendedorismo
Crédito: Arquivo Pessoal/Janayna Bhering

Ter sucesso no empreendedorismo não é uma missão nada fácil e exige, entre outras coisas, muita dedicação. Essa, talvez, seja a principal virtude da mineira Janayna Bhering, CEO da startup SafeTest, e que há mais de 10 anos atua no ecossistema de inovação.

Mãe de Sophia, de 8 anos, e de Thiago, de 11, Janayna se envolveu com o empreendedorismo bem nova, ajudando em um negócio da família. Natural de Viçosa, graduou-se em engenharia de alimentos na Universidade Federal de Viçosa (UFV), fez mestrado em ciência e tecnologia, e se especializou em gestão de negócios, estatística aplicada a processos e gestão de inovações tecnológicas.

Sempre participativa no ecossistema de inovação mineiro, Janayna Bhering colaborou com a elaboração de políticas públicas para o Estado e foi consultora de grandes empresas para a estruturação de processos de gestão da inovação. Além de estar à frente da SafeTest, atualmente a empreendedora atua em seu consultório de negócios, onde ajuda startups a fazerem um diagnóstico do seu negócio e avaliar seu potencial real no mercado, é gerente de negócios e parcerias na Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep) e responsável pelo Founder Institute, em Belo Horizonte.

Em uma entrevista exclusiva para o Portal SIMI, Janayna Bhering fala sobre sua história, família, rotina, desafios e o que ela define como “empreendedorismo com propósito”. Confira a entrevista:

SIMI: Ainda hoje existem estudantes formados exclusivamente com a mentalidade de trabalhar para empresas. Em que momento você começou a enxergar o empreendedorismo como uma oportunidade profissional?

Janayna: Eu empreendo desde muito cedo. Quando tinha 11 anos, já comecei a trabalhar com minha mãe em um negócio de família o que contribuiu para nosso sustento por muitos anos. Além disso, sempre busquei uma forma de gerar uma renda extra vendendo alguma coisinha. Na graduação eu comecei a enxergar a oportunidade de trabalhar como consultora, vendendo serviços. Na época estruturamos uma empresa júnior em Viçosa que prestava consultoria para empresas sob a orientação dos professores. Foi uma experiência incrível que me ajudou a validar muitos dos conhecimentos na prática.

Após a graduação atuei na indústria durante quatro anos como gerente de qualidade na Vilma Alimentos. Na época, em que também fazia mestrado, percebi a dificuldade de conectar as demandas tecnológicas das empresas com as oportunidades e soluções desenvolvidas pelas universidades. Conheci pessoas que tinham esse mesmo incômodo e fui trabalhar no Instituto Inovação.

Em 2013, me desliguei do Instituto e comecei a criar meus negócios. Criei uma loja que tinha o objetivo de ser franqueável, mas que não deu certo. Mas isso me trouxe conhecimento em outras áreas. Todos os negócios que eu fiz me ajudaram de alguma forma a crescer como profissional e empreendedora.

SIMI: Ao tentarmos marcar essa entrevista ficou claro que sua agenda é muito corrida e agitada. Como você encara essa rotina de empreendedora?

Janayna: Sempre tive essa rotina agitada, desde a época da graduação. Fazia iniciação científica, estágio, empresa júnior, trabalhava na padaria da minha família e ainda jogava handball. Então meio que me programei como uma profissional com a agenda bem agitada. Gosto dessa rotina porque o networking que vai sendo gerado nessas oportunidades é que vai gerando negócios para minha consultoria e valor para os negócios onde atuo.

Além de tudo, ainda tenho praticamente um CNPJ em casa para poder organizar a rotina em casa. Mas acho que tenho uma energia muito grande, porque faço tudo com muito amor. Escolhi essa vida para mim. Sempre tento desfrutar dos momentos que estou vivendo.

SIMI: Você está voltando de um evento de inovação em Viçosa. Você é muito presente em eventos assim. Qual o peso do networking e do ecossistema no sucesso de um empreendedor?

Janayna: Eu acho que (o networking) é fundamental para conhecer  pessoas que contribuem para a oferta de soluções mais completas. Com uma rede de parceiros você não tem a necessidade de conhecer todos os processos e ter todas as competências que são necessárias para resolver os problemas. A riqueza está na complementaridade de expertises.

Ter parceiros estratégicos é algo que eu acredito ser um grande diferencial para eu conseguir fazer tantas coisas ao mesmo tempo, porque muitas das minhas entregas são compartilhadas com outras pessoas. Então tem pessoas que vêm comigo para somar e garantir que essas entregas aconteçam.

Não participo de um evento só por participar e estar ali. Sempre há aprendizado e essas oportunidades de troca ajudam a perceber um determinado desafio de uma forma diferente.

SIMI: E o que é a Safe Test? Qual é o seu diferencial?

Janayna: A SafeTest pretende diagnosticar doenças infecciosas de uma forma rápida, precisa e barata. Hoje, os produtos que estão no mercado são caros, inacessíveis ou morosos. Às vezes, você demora muito tempo para ter um diagnóstico de uma doença ou a acurácia desses produtos não é muito boa. Com isso, a tratativa dessas doenças acaba sendo equivocada. O número de pessoas que têm algum tipo de doença infecciosa no mundo chega a quase 1 bilhão. Muitas pessoas morrem por não saberem o tipo de doença que têm. O nosso objetivo é salvar vidas. Essa é a nossa missão como empresa.

SIMI: Vocês têm um produto ou serviço específico?

Janayna: Nós conseguimos através de bioinformática fazer a produção de antígenos que são específicos e nos ajudam a ter aplicações próprias. Que podem ser desde um teste rápido para detecção de doenças ou uma vacina. Nosso grande diferencial é conseguir fazer o sequenciamento desses antígenos e produzir testes que são específicos. Com uma gotinha de sangue em um tempo de dois minutos já temos o diagnóstico de uma doença.

SIMI: Como você chegou à área de ciências da vida?

Janayna: Como eu já estava no ecossistema de inovação fazendo a captação de recursos e estruturando negócios, dois professores da UFMG que desenvolveram a tecnologia me procuraram para transformar essa ideia em um negócio. Topei o desafio e, como na época não existia uma legislação que permitia que professores fossem sócios de empresa, fiz o licenciamento da tecnologia e montei um negócio junto com outro sócio. Eles foram os desenvolvedores da tecnologia e eu montei a empresa para poder levar esse produto para o mercado. Decidi levar para frente esse produto específico porque eu tenho como missão de vida deixar o mundo melhor do que o mundo que eu recebi. E vi que tinha uma oportunidade por meio dessa tecnologia específica de trazer uma melhora na qualidade de vida das pessoas. Identificando tanto um potencial de gerar um valor real para a sociedade quanto também o valor potencial do próprio negócio.

SIMI: É o que você chama de empreendedora com propósito?

Janayna: Exatamente. Empreender com propósito. Entro em projetos que tenham um propósito maior e tragam algum tipo de benefício para a sociedade.

SIMI: Qual é o seu sonho como empreendedora? Você sente como se estivesse o realizando na SafeTest?

Janayna: Eu me sinto uma pessoa realizada porque trabalho com o que eu gosto. Acredito que uma forma de construir um mundo melhor é levando a ciência para o mercado. A SafeTest é uma das formas de realizar esse sonho. Mas (também realizo meu sonho) no momento em que estou numa instituição como a Fundep, por exemplo, que me permite fazer as conexões necessárias para levar oportunidades na ciência para a sociedade, por meio do mercado, por exemplo, ou no momento em que eu estou participando de um programa de aceleração como o Founder em que a gente ajuda as pessoas a realizarem seus sonhos, ou nas minhas consultorias onde ajudo as pessoas a definirem uma diretriz no seu novo empreendimento.

Cada uma das minhas ações hoje, por mais que pareçam vias diferentes, convergem para um propósito único, que é transformar as ideias em negócios. No momento em que contribuo para as pessoas realizarem seus sonhos, automaticamente também realizo o meu. Vai muito além da questão financeira. Vivo disso, sou remunerada também por isso, mas dou muitas mentorias sem cobrar nada e também me sinto tão realizada quanto. Porque acredito que esse é um pilar importante para o desenvolvimento da sociedade, por meio da ciência, da tecnologia e da inovação.

SIMI: Você é muito nova, mas já viveu muita coisa e ainda comanda a família em casa…

Janayna: Brinco que no ano da indústria 4.0, estou chegando à minha versão 4.0 também. Lá em casa quando (meus filhos) pedem dinheiro para alguma coisa, brinco que tem que fazer o canvas e provar que é viável. Tento estimular sem criar uma coisa forçada porque cada um tem um perfil. Mas eles convivem com isso no dia a dia. É uma coisa que vai surgindo naturalmente. Quero que eles sejam felizes.

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