Projeto quer reduzir o impacto de mudanças climáticas em setores da economia sensíveis ao clima, como a agropecuária
Por Redação

Pesquisadores do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) estão aperfeiçoando a modelagem agrometeorológica para aprofundar o conhecimento científico sobre a relação entre variáveis do clima e a produtividade de culturas agrícolas. O objetivo é reduzir os impactos das mudanças climáticas sobre a agropecuária, um dos setores da economia mais sensíveis ao clima.
As projeções feitas pelo Cemaden já dão como certa a transferência de culturas tradicionais para outras regiões por causa do aumento da temperatura. “Nos próximos 40 anos, pode haver um aumento da temperatura em Minas e São Paulo, que podem ter um impacto significativo na produção de café. Se isso se confirmar, aumenta consideravelmente o risco de colapso de safras e podemos chegar a um quadro em que será mais seguro plantar na região Sul do que no Sudeste, com base no zoneamento climático”, explicou o especialista em modelagem agrometeorológica do Cemaden, Marcelo Zeri.
Os climatologistas do Cemaden também trabalham no desenvolvimento de uma plataforma digital capaz de prever episódios de veranico – fenômeno caracterizado por alguns dias de seca durante a estação chuvosa – com até quatro semanas de antecedência. Segundo Marcelo Zeri, a ferramenta pode servir para auxiliar no planejamento dos agricultores.
“Se nós emitirmos alertas antecipados de episódios de veranico, o produtor rural pode se precaver. Se ele tiver acesso a sistemas de irrigação, pode acioná-los sem a preocupação de fornecer uma quantidade maior de água às plantas ou, então, antecipar a colheita. Essa é uma informação a mais para ajudar o produtor a se planejar”, afirmou Zeri.
Biotecnologia
As mudanças no clima também preocupam a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Segundo o diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da instituição, Ladislau Martin Neto, variações de temperatura, por exemplo, podem decretar a perda de safras inteiras. Por isso, a entidade trabalha para desenvolver espécies com maior capacidade de adaptação a longos períodos de estiagem e inundações. Em parceria com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o objetivo é produzir espécies vegetais mais resistentes às intempéries.
“Com a Unicamp, trabalhamos com biotecnologia para mudanças climáticas. Temos o objetivo de criar espécies que possam resistir melhor a secas e inundações. É uma linha de produção para gerar ativos de inovação”, informou o diretor da Embrapa. “Conhecermos as condições climáticas e termos espécies mais resistentes são fundamentais para a agricultura brasileira”, ressaltou.
Já em parceria com a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), a Embrapa desenvolve máquinas e equipamentos mais eficientes, inclusive com a incorporação da Internet das Coisas (IoT) para otimizar o trabalho do produtor rural. “A questão da automação vai desde o uso de drones para agricultura até o desenvolvimento de máquinas e equipamentos mais avançados na linha da agricultura de precisão, com agenda de uso mais eficiente dos insumos e da água, que é um fator fundamental para o desenvolvimento do agronegócio”, afirmou Neto.
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