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Inovar em momentos de crise é um bom caminho?

Encontro na FDC reuniu gestores de diversas empresas, professores, pesquisadores e governo para debater o tema ‘Como a inovação pode fazer a diferença em tempos de recessão’


Por Alysson Lisboa/Simi

Ninguém tem dúvidas de que é extremamente importante inovar nas empresas, correto? Mas será que agora é o melhor momento? O cenário macroeconômico e político move o Brasil para uma seara de incertezas. Desemprego em alta, inflação e dificuldade de manutenção dos negócios, mesmo em ritmo menos acelerado, são desafios diários na vida de empresários e empreendedores.

Para debater esse tema, o Centro de Referência em Inovação de Minas Gerais (CRI) promoveu o evento Conflito de ideias: “Inovar ou não em tempos de recessão?”. Coordenado pela Fundação Dom Cabral, o encontro estimulou os participantes a pensar sobre o tema e debater ideias sobre o futuro. Na dinâmica, os grupos foram divididos entre aqueles que acreditam que a inovação deve acontecer agora e aqueles que consideram que a crise exige uma retração nesse setor.

Hugo Tadeu, professor da FDC, defendeu que o cenário atual não abre espaço para inovação. De outro lado, o CEO da Csem Brasil, Marcos Maciel, reforçou a ideia de que vale a pena inovar e o momento é agora.

A proposta de ambos era levar elementos à mesa de discussão, gerando divergência sobre os dois lados do tema. Tadeu levantou a bola, dizendo que a inovação só deve existir se trouxer ganhos de produtividade a curto prazo. Segundo ele, no Brasil o investimento nesse segmento é muito baixo. A indústria da transformação é o setor da economia que mais recebe investimento em inovação e também é aquele que menos cresce. Como exemplo, o professor citou a IBM, que investe pesado em inovação, mas teve queda de 15% no valor da ação na bolsa de valores esse ano.

No time dos otimistas, Marcos Maciel, da Csem, esquentou a discussão. Para ele, a inovação no Brasil é sempre no sentido de olhar para trás e tentar resgatar o tempo perdido. “Estamos inovando para melhorar o que já existe e não para criar mercados”, aponta o CEO. “Versões rápidas de produtos para colocar no mercado, modelo esse inerente às startups, precisa ser cada vez mais comum”, acrescentou Maciel.

Por que inovar?
Depois da discussão sobre a necessidade e importância da inovação em tempos de recessão, os participantes foram convidados a debater suas ideias de como colocar em prática modelos e argumentos que poderiam converter os líderes mais conservadores para aceitar o risco em inovar, mesmo no atual cenário que vivemos no Brasil. Qual tipo de inovação devemos promover na crise? Como vou ser competitivo sem inovar? Como garantir sobrevivência a médio e longo prazos sem inovação? Esses e tantos outros questionamentos povoaram as discussões durante o dia de treinamento.

É possível fazer diferente
Para a pesquisadora e professora Ana Paula Burcharth, professora da FDC na área de gestão e estratégia, vivemos um momento delicado e o foco está em corte de custos. Porém, a pesquisadora reforçou: “Essa fase de recessão gera a possibilidade de pensar o que está sendo feito dentro das empresas. O sentido de urgência dentro das organizações hoje é muito grande. Não dá para continuar fazendo o que se fazia para conseguir os resultados de antes”, completa.

Hoje quem faz a gestão nas empresas, muitas vezes tem uma cabeça voltada ao mercado de consumo do século passado. Isso leva ao fracasso de várias empresas que não observam a tempo as mudanças e não se reinventam. A empresa Kodak, por exemplo, foi detentora da patente da máquina fotográfica digital, mas não reconheceu o momento certo de mudar seu consolidado mercado de filmes e papeis fotográficos. O final da história todos conhecem.

Ana Burcharth é entusiasta e considera que o momento atual favorece o convencimento dos líderes sobre a necessidade de mudança. “Estamos vivendo um momento de ‘uberização’ do mercado. Empresas não estão sendo ameaçadas apenas por uma concorrente ou setor, e sim por uma indústria inteira”, alerta Burcharth.

Custa caro inovar?
As empresas devem continuar investindo em inovação incremental, mas não podem deixar de pensar em novos produtos e mercados. Porém, empresas menores têm dificuldade de inovar, porque isso gera custo. A dica da especialista é buscar parceiros para dividir o risco da inovação e, assim, reduzir custos. “Empresas que aportem conhecimento como fornecedores, universidades e startups podem contribuir muito. É preciso saber conectar”, completa Burcharth.

Na crise ou fora dela, a inovação não pode ser observada como algo menos importante ou acessório dentro das empresas. Novos produtos e mercados podem transformar os negócios e atrair clientes. Um bom exemplo disso é a empresa francesa Bic, fundada em 1945, e líder em produção de canetas esferográficas. A empresa entrou no mercado de isqueiros e barbeadores descartáveis. Hoje, o faturamento proveniente desses novos produtos já supera o das canetas. Inovar é pensar no futuro.

Confira nesta terça-feira, 10 de maio, entrevista com o professor da FDC, Carlos Arruda. 

Confira galeria do evento:

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Fonte:

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