Programa Include investe em tecnologia com a criação de 10 mil centros de treinamento em regiões menos privilegiadas
Por Alysson Lisboa
Mais que ensinar, precisamos permitir que os jovens sejam protagonistas do futuro. Com o aumento da população e, consequentemente, o crescimento das áreas urbanas, esperar que o Governo consiga fazer tudo sozinho já não é mais possível. O quarteirão em que funciona o Facebook, em Menlo Park, é vigiado pela polícia paga – não pelo Estado, mas sim pela própria empresa. Isso se tornará cada vez mais constante mesmo nos países mais ricos. Precisamos agir ao invés de esperar.
Pensando no movimento que a iniciativa privada pode realizar com apoio do governo surge o Include – projeto audacioso, que dá início ao difícil desafio de dar oportunidade a mais de 65 milhões de jovens entre 10 e 20 anos. Muitas vezes, essa importante parcela da população está fadada a conquistar, durante toda a vida, apenas subempregos ou terminar se envolvendo com o tráfico de drogas.
Esse cenário alarmante chamou a atenção do italiano Francesco Farruggia, pesidente do Instituto Campus Party, e que está à frente da iniciativa. Com brilho nos olhos e energia contagiante, o empresário percebeu que era hora de mudar o status quo. A Campus Party tem hoje mais de 250 mil campuseiros. São jovens que têm, constantemente, acesso à informação, conteúdo e novidades de mercado. Francesco, que acompanhou de perto as inúmeras transformações tecnológicas, percebeu também a crescente exclusão de boa parte da população brasileira, então resolveu agir.
“Diga-me eu esquecerei, ensina-me e eu poderei lembrar, envolva-me e eu aprenderei”. A frase, atribuída à Benjamin Franklin, retrata claramente que oportunidades são construídas com envolvimento dos jovens no manejo das tecnologias, como arduíno, robôs, IoT, realidade aumentada e tantas outras. “A gente precisa dar aos jovens oportunidades e um ambiente para que desenvolvam suas habilidades e gerem com isso seu próprio sustento”, destaca Francesco.
Esse projeto de transformação social tem um plano audacioso. Abrir 10 mil centros de treinamento nas periferias e mudar o destino do nosso país. Para Francesco, se dermos oportunidade e ensinarmos a base da tecnologia aos jovens, eles conseguem avançar rapidamente o aprendizado. Quem vive em situação de risco, em locais degradados, têm muito mais chance de resolver localmente os mais diversos problemas, porque estão imersos nessa realidade.
Oportunidades escassas ampliam o interesse das pessoas
As crianças e adolescentes da periferia colocam toda sua capacidade nas oportunidades que damos a eles. Quando você soma a concentração de energia com a inteligência, não há limites. Para quem tem acesso constante ao movimento tecnológico que vem impactando o mundo, as oportunidades são constantes, mas quando olhamos para um grupo que não conhece esse mundo, o interesse e o empenho são muito maiores, afirma Francesco.
O Include quebra paradigmas
Patrocinadores das iniciativas pública e privada fazem o mapeamento das áreas que mais necessitam de investimento. Os monitores escolhidos que trabalham nos projetos são da própria comunidade e conhecem de perto a realidade. Qualificando jovens para o mercado de trabalho é possível dar protagonismo às comunidades.
Entre os objetivos do Include está o acesso igualitário à informação de mulheres, afrodescendentes, vítimas de todo o tipo de preconceito e exclusão, mostrando que a tecnologia, além de projetar resultados e estabilidade financeira, é capaz de desfazer injustiças e resgatar pessoas, colocando-as na posição de agentes de desenvolvimento.
“Cerca de 65% dos vencedores das Olimpíadas de Robótica no Brasil são meninas negras que moram nas periferias”, afirma Francesco. Essa é uma pequena amostra de que qualquer jovem brasileiro pode conquistar um bom emprego e qualificação profissional. E a cabeça dos jovens é preparada para encontrar soluções, mas, por outro lado, quase ninguém dá oportunidade para essa garotada.
Francesco chama a atenção para a participação dos empresários do Include. Vinícius Alge, CEO de uma das startups nascentes, abraçou o projeto. “Se compro uma Mercedez, compro um problema; se faço um Include, compro uma solução”, conclui o empresário.
Para saber mais, acesse: https://institutocampusparty.org.br/include/
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