Diversas iniciativas ao redor do mundo buscam mapear as ações e criar um sistema integrado que une tecnologias da informação, sensores, internet das coisas e participação cidadã na gestão das cidades
Por Alysson Lisboa/SIMI
Centro de Operações do Rio de Janeiro, Brasil (Foto: Waze)
As conversas iniciadas no final do século passado utilizavam o termo “cibercidades” para tratar de um sonho utópico de projetos que integrariam serviços aos cidadãos, como portais de informação, comunidades virtuais, quiosques multimídia, acesso wi-fi nas cidades por meio de fibra ótica de alta velocidade. Será que hoje avançamos? O que falta para tornar o sonho da e-governança uma realidade efetiva no Brasil?
Um dos mais importantes pesquisadores do tema Cidades Inteligentes no Brasil, André Lemos, Doutor em sociologia pela Universidade Paris V e professor da Universidade Federal da Bahia, está em Dublin, na Irlanda, para pesquisar os processos comunicacionais que envolvem, entre outras disciplinas, internet das coisas, urbanismo, arquitetura e big data. Ele é um “ciber-otimista”, mas sabe que é necessário vontade política para os projetos saírem do papel. Analisando os programas presidenciais nas campanhas das últimas eleições, o pesquisador baiano constatou que nenhum dos candidatos falou sobre o assunto.
A importância do projeto vai muito além da abertura de sinal wi-fi em pontos turísticos nos municípios. Apesar de serem muito citadas, as cidades inteligentes não têm um conceito ainda bem definido, o que pode justificar o fato de ser tão difícil encontrar um modelo replicável em todo território nacional. Diversas iniciativas ao redor do mundo buscam mapear as ações e criar um sistema integrado que une tecnologias da informação, sensores, internet das coisas e participação cidadã na gestão das cidades.
Com a redução dos custos de captura de transmissão de imagens, o que se vê hoje, com mais transparência, é o uso de câmeras no monitoramento de pedestres e trânsito. Vigiar e controlar não é, com certeza, o principal objetivo das cidades inteligentes. Claro que podemos perceber uma sensível redução dos índices de violência em áreas dotadas de câmeras de segurança nos grandes centros. Porém, mais que controlar, as smart cities, – como o termo ficou conhecido no mundo -, podem impactar profundamente a vida das pessoas. (Assista no vídeo abaixo, entrevista com Capitão Santiago, da PMMG).
Em Barcelona, sensores instalados nas lixeiras indicam
o momento certo do caminhão recolher o lixo
Sensores são capazes de reprogramar os sinais de trânsito para melhorar a fluidez. Isso trará a redução no tempo de deslocamento, menos poluição, redução do risco de assaltos, atrasos nos trabalho entre outros benefícios. Podemos, por meio dos dispositivo móveis, controlar o horário da malha de transporte público e reduzir o tempo ocioso parado nos pontos. (Veja abaixo infográfico sobre o uso da tecnologia em algumas cidades do mundo).
No entanto, falta de perspectiva integrada e uma análise mais profunda dos dados gerados deixa o horizonte mais incerto para as smart cities brasileiras. Apesar de sermos usuários assíduos das redes sociais, falta avançar no sentido de combinar os dados gerados pelos cidadãos. Muito se produz de conteúdo, inclusive georreferenciado, mas o processamento, além de caro, ainda não acontece com frequência.
Aplicativos como o Waze usam mapas georreferenciados com intensa participação da comunidade atualizando informações em tempo real sugerindo rotas para reduzir o tempo de deslocamento dos usuários.
O Centro de Operações do Rio de Janeiro, o maior do mundo, tem parceria com o Google
para ajudar a gerenciar o trânsito. A engenharia de tráfego não opera mais por meio
de boletins oficiais dos órgãos de trânsito.
A cidade de Rio Acima (MG) foi o primeiro município mineiro a implantar o programa levando fibra ótica em alguns pontos da administração pública, como a prefeitura e a Polícia Militar. Este ano, o programa foi reestruturado e uma comissão trabalha para entregar o plano de ação para outras cidades mineiras.
Precisamos construir um plano básico de cidade inteligente que possa ser replicado e copiado por todos os municípios brasileiros. É importante que a informação seja captada, mas volte como benefício ao cidadão. Os dados abertos no Brasil já são uma realidade, mas os municípios precisam executar as ações e gerar, com isso, benefícios na vida das pessoas.
Assista à entrevista realizada pela TV Simi com o Capital Santiago sobre a tecnologia empregada na Polícia Militar de Minas Gerais.
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